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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Capítulo 42

-Bom dia. –V disse assim que ele abriu os olhos.
-Bom dia. Dormiu bem?
-Impossível dormir mal com você. –Disse e o beijou.
-Que bom, senhorita, mas quero que saiba que isso não vai te impedir de fazer o café-da-manhã. –Z disse sorrindo. –Ovos com bacon, por favor.
-Não podemos trocar hoje? Não me sinto bem.
-O que foi? –Ele se sentou preocupado.
-Não sei. Minhas costas estão me matando e eu me sinto enfadada. Não quero sair da cama hoje. –Fez biquinho.
-Você está quente. –Z disse pegando no pescoço dela. –Vou preparar um banho gelado pra você.
-Não precisa, só fica aqui comigo. –O abraçou.
-Mas amor...
-Só preciso de carinho. –Ele concordou e a aninhou nos braços.
-Não quer ir no médico?
-Ah meu Deus, o médico! –V disse se desprendendo dele.
-O que aconteceu?
-Eu sabia que estava esquecendo de alguma coisa. Ontem eu tinha consulta marcada. Droga!
-Agenda pra depois.
-Esse era o meu "depois". Eu já esqueci duas vezes.
-Quer ir hoje e tentar uma consulta de emergência?
-Eles não atendem sem aviso prévio.
-Mas você está se sentindo mal.
-É só um mal estar rotineiro. Vou vê se marco pra semana que vem. –V disse mexendo no celular. –Fiz um lembrete. Não é possível que eu me esqueça agora.
-Eu vou te lembrar também, mas agora volte pra cama. Vou cuidar de você.
-Vai, é?
-Não nesse sentido, sua imoral.
-Eu amo você. –Ela disse antes de pular em cima dele.
-Eu também te amo. Quer comer o que no café da manhã?
-Você. –Sorriu maliciosa.
-Vanessa!
-Você que sabe, meu amor. –Completou com falsa inocência.
-Sua palhaça. –Disse se levantando e ela gargalhou. –Fique deitada, eu já volto.
-Vou me acostumar, hein?
-Olha que eu sei cobrar, viu?
-Estou ansiosa pela cobrança.
-Vanessa Anne, pare agora.
-Só estou falando.
-Pois não fale. –Ela fingiu passar um zíper na boca e se cobriu. –Eu volto em cinco minutos.

Zac se dirigiu a cozinha e abriu a geladeira a procura de alguma coisa pra fazer. Provavelmente iria levar mais do que cinco minutos e Vanessa sabia disso.
Ela se virou devagar e encontrou o celular dele na cabeceira da cama. Será que ele se incomodaria se ela futricasse? Quem não deve, não teme, certo?
Pegou no aparelho e lembrou-se logo das palavras da Ashley no caminho de volta: não faça nada que não gostaria que ele fizesse com você. Ela não gostaria que ele mexesse no celular dela; não por ter algo de errado, mas existiam fotos ali que ela não queria que ele visse. Fotos do marido e com o marido. Mas ele sabia que ela ainda amava o marido, certo? Mas se ela encontrasse fotos das ex namoradas dele... Não, melhor não. Quando eles tivessem um compromisso real ela faria isso. Eles eram apenas amantes.
A palavra lhe dava repulsa e ela não conseguiu evitar o refluxo. Correu pro banheiro do quarto e se debruçou sobre o vaso sanitário. Vomitou apenas líquido já que não tinha jantado antes de dormir.
Depois de escovar os dentes e dar a descarga V voltou para o quarto e se deitou na cama de olhos fechados.
Ouviu barulhos vindo de trás da porta e pensou em chamá-lo, mas não conseguiu abrir os olhos. Sentia-se tonta e estava com frio, muito frio.
O telefone residencial tocou e logo batidinhas foram ouvidas.

-Entra. –Ela disse já sabendo quem deveria estar ligando.
-Chace quer falar com você. –Z disse normalmente, mas ela sabia que ele estava se remoendo.
-Não estou com paciência hoje.
-Parece que envolve a avó dele. –Ele disse relutante. Sabia que isso ia fazê-la mudar de ideia. Vanessa estendeu a mão ainda sem abrir os olhos. –Você está bem?
-Refluxo. –Ela sussurrou.
-Vou preparar um banho pra você. –Ele avisou entregando o aparelho nas mãos dela e indo em direção ao banheiro.

-O que foi? –Ela perguntou com o telefone na orelha.
-Ela quer falar com você. –Chace disse.
-Você não acha que seria demais?
-Ela queria que você fosse vê-la e eu consegui fazê-la mudar de ideia.
-Porquê ela quer falar comigo, afinal?
-Candice deu com a língua nos dentes e ela sabe que estamos enfrentando uma crise. Todos sabem.
-Não estamos enfrentando crise nenhuma.
-O fato é: ela está preocupada com você. –Ele a ignorou. –Você sabe, sou a ovelha negra da família e ela acha que eu fiz algo de errado.
-E por acaso você não fez?
-Amor, por favor. Eu só quero que você ligue pra ela e a acalme. Ela não pode se preocupar.
-Me passe o número dela por... Ai, por mensagem. –Ela falou pausadamente. Uma dor aguda tomou de conta do ventre dela.
-Algum problema?
-Cólica. –Ela resmungou.
-Deveriam vir na semana que vem.
-Minha menstruação que vem na próxima semana. –Corrigiu respirando fundo. –São só dores.
-Tome algum remédio, não pode sentir dores.
-Eu vou tomar.
-Está tudo bem mesmo?
-Acordei com o pé esquerdo, só isso. Me manda o número da casa por mensagem e avisa que ainda hoje eu entro em contato.
-Tudo bem, mas por favor, não diga nada sobre nós. Só fale que estamos afastados, mas que já estamos nos programando para resolver isso.
-Vou tentar. Sua avó é muito persuasiva, você sabe.
-É de família. –Sorriu. –Come alguma coisa e descansa, mas não esquece do remédio, viu?
-Não vai me perguntar o porque do Zac ter atendido o telefone? –V questionou curiosa.
-Seus amigos estão se reservando pra cuidar de você, então, não.
-Você está estranho.
-Vai dizer que prefere meus ataques de ciúmes?
-Não, lógico que não. Preciso desligar, as dores estão aumentando.
-Tudo bem. Daqui alguns minutos eu te mando o número, Tik He?
-Tik. Te amo. –Vanessa confessou antes que desse conta.
-Eu também te amo. –Ela desligou nervosa. Ela tinha tomado a iniciativa? Porquê? Só podiam ser as dores. Só com muita sorte que Zac não escutaria, sorte essa, que ela não tinha. A porta estava aberta e ele logo surgiu.

-A banheira está pronta. –Ele disse calmo. –Vou preparar o café. –Ele ouviu, com certeza. Estava calmo demais e isso só acontecia quando estava zangado.
-Amor, desculpa. Não sei o que deu em mim.
-Você não precisa me dar explicações. Somos amantes, apenas isso.
-Zac, por favor. Juro que não me entendo.
-Você o ama, é óbvio.
-Mas eu te amo também. Acho que mais, na verdade. É que ele está diferente.
-E você está reconsiderando?
-Não, claro que não. Eu sei que ele está assim por que tem medo que eu o abandone.
-E você não vai?
-Vou, mas não por telefone. Não posso fazer isso com ele, nem com ninguém. É desumano.
-Tudo bem, Vanessa. Não vamos brigar, você não está em condições. Acordou com o pé esquerdo, não é mesmo? –Ironizou. Droga! Ele tinha ouvido a conversa toda.
-Você queria que eu falasse o que? Ah, Chace, estou mais do que bem. Passei uma noite maravilhosa com o Zac, mas me passa aí o número da casa da sua avó. Eu não podia fazer isso!
-Noite maravilhosa? –Arqueou a sobrancelha.
-Não mude de assunto. –Ela disse vermelha. –Estou zangada com você. Fala como se tudo isso fosse fácil pra mim.
-Eu sei que não é, mas me entenda. Eu estou de boa vontade preparando um banho pra você e te escuto falando que ama o homem que tirou sua virgindade depois da nossa noite maravilhosa?
-Então o problema não é ele ser meu marido e sim ter me feito mulher?
-Sim, lógico. Eu queria ter sido o único homem da sua vida.
-E seria se não tivesse me largado.
-Isso de novo não.
-Porquê você não me diz a verdade? Já estamos juntos e...
-Como amantes.
-Mas estamos! Me diga, eu tenho o direito de saber.
-Quando estivermos oficialmente juntos, quem sabe?!
-O que te impede de me contar agora? Foi um motivo tão idiota que tem vergonha de me dizer?
-Vou preparar o seu café. –Ele disse tirando o telefone das mãos dela e saindo do quarto.

Vanessa bufou. Ele ia contar querendo ou não. Sentiu a cabeça pesar e se deitou novamente. Ele estava certo, ela não tinha condições de brigar no momento. Um dia ele falaria.

[...]

-O que você está aprontado? –Z perguntou saindo do banho.
-Fiquei entediada e você não saía do banho, então resolvi mexer na minha mala e encontrei isso. –Mostrou alguns álbuns. –Trouxe da casa dos meus pais.
-Fotos suas?
-As que minha mãe deixou trazer. –Sorriu.
-Deixou?
-É, mais ou menos. –Riu. –Você sabe como ela é apegada com essas coisas.
-Eu sei. –Z acompanhou o sorriso dela. –E então, o que encontrou de tão interessante?
-Algumas fotos das minhas apresentações na escola, fotos com a família e fotos minhas com você.
-Comigo?
-Sim. Eu comprei alguns álbuns novos quando iniciei o curso e fiz tipo uma linha do tempo, sabe? Separei umas fotos desde o meu nascimento e da minha infância e preenchi com as fotos que eu tirei da gente também.
-Posso ver?
-Claro. É esse roxo.
-Você gosta de roxo, hein?
-Porquê diz isso?
-Seu diário.
-Ah, eu lembro.
-Não o encontrou por lá? –Ela sorriu sem graça. –O que foi?
-Eu nunca me separei do meu diário. –Confessou corando. –Fui pra Nova York com ele, pra China, Índia... Bem, você entendeu.
-Uma mulher casada portando um diário? Essa é nova.
-Eu precisava desabafar com alguém e como não tinha... É ridículo, eu sei, mas por favor, não ria.
-Não acho ridículo, só fofo. Você é tão meiga.
-Infantil.
-Meiga. –A beijou. –E você escrevia escondido? Com que frequência?
-Você está me deixando sem jeito.
-Estou curioso. –Ele a abraçou e se deitaram na cama. –Quero saber mais daquela época.
-Minha mãe te contou que eu era muito tímida e por isso não tinha muitos amigos, certo?
-Sim. E as que você tinha também não serviam muito.
-Éramos de mundos iguais até a adolescência. Eu tive minhas ficadas, você sabe, mas não era algo extraordinário e elas sim tinham assunto pra falar de homem e beijos e sei lá mais o que. Eu me sentia uma criança com minhas paqueras bobas e era meio constrangedor falar sobre isso com minha mãe, então, ela me deu um diário.
"Eu escrevia só coisas ruins, você sabe, o bom eu guardo pra mim. Só que no final daquele diário eu resolvi mudar e escrever coisas boas e só isso. Então, mais um diário acabou e decidi fazer como pessoas normais e escrever sobre tudo. –Riu.
"Foi quando eu decidi comprar o diário roxo. Ele era o mais bonito da loja com aquelas plumas e a caneta com um coração na ponta. Me custou vinte pratas, mas eu queria muito e até valeu a pena, já que durou quase dois anos.
"Eu comecei a escrever nele quando "terminei" com o Derick e iniciei o curso de fotografia.
-Porquê terminou entre aspas? –Z questionou. Já havia ouvido falar nesse tal de Derick através de Stella.
-Não tínhamos nada concreto, só uns beijos trocados. Enfim, eu passava mais tempo com você do que escrevendo, então sobrou muitas páginas.
-E as tais músicas que a Miley falou?
-Não eram músicas, eram poemas. Eu sou bem romântica, ok?
-Eu sei. Você me mostrou um trecho de um depois de eu me humilhar. –Riu.
-Eu tinha vergonha. Eram poemas bobos de uma adolescente apaixonada. As meninas só sabem por que fuxicaram aonde não deviam e encontraram.
-Então está por aqui?
-Nem pense nisso, é pessoal.
-Você me disse uma vez que tinha algo pra mim de aniversário.
-Talvez eu te mostre um dia. –Falou se sentando na cama. –Eu escrevi nele até não ter mais espaço nem na contra-capa. –Sorriu. –Ele durou muito comigo, por isso, não desapego.
-E os outros dois?
-Na casa da minha mãe. Eu nem ligo muito pra eles, mas o meu roxinho é só meu.
-Tem sobre o seu casamento?
-Até demais. Como eu disse, eu ficava sozinha e precisava desabafar. Escrevi sobre os abortos, minhas vontades de largar tudo e fugir, coisas assim.
-Então o diário começa comigo e termina com ele?
-Começa com o Derick. –Corrigiu, mas dessa vez ele não sorriu. –Você que puxou o assunto.
-Eu sei, não estou com raiva.
-Então o que é?
-Queria lê-lo.
-Para que?
-Saber o estrago que fiz em você.
-Eu não me sentiria bem com isso. Escrevi sobre você por muito tempo, sempre me questionando o porquê do rompimento e o que você estaria fazendo.
-E o que isso tem de errado?
-Ele é bem confuso. São páginas falando de Chace e em seguida vem você. Eu não quero passar por isso novamente.
-Mas...
-Não insista. –Ela disse pegando nos álbuns novamente. –Você não queria vê-los? –V perguntou tentando mudar de assunto, mas logo sentiu os braços dele ao redor de si. –O quê foi?
-Eu quero fazer amor com você. –A beijou e ela se entregou. Precisava disso, precisava se sentir amada.

Zac a puxou para si e ela se deixou ir. Ele sabia que era errado; ela era casada e amava o outro, mas não se importava com isso no momento.
Vanessa estava frágil e receosa, era notório; só existia uma maneira de mostra-lhe o quanto a amava e que podia confiar nele: Fazendo amor.
Nas raras oportunidades que eles tinham se deixado levar pelo momento, ele sentia o quão ferida ela estava. Se fazia de forte e durona, mas quando estavam só os dois juntos, ele conseguia notar as marcas que estavam na alma dela. Ela ainda sentia a dor do abandono de anos atrás mesmo amando o outro, como também se sentia abandonada pelo marido.
Ashley tinha razão: ela estava com medo de que Zac a abandonasse e que Chace não a quisesse mais. V estava com medo de ficar sozinha.


#Flashback#

-Ela precisa de cuidados, não de repreensões. –Ashley disse balançando o dedo.
-Ela quer os dois e eu não nasci pra ser amante. Eu nem deveria estar nessa agora. –Ele bufou.
-Não interessa, você já fez e não pode voltar atrás.
-Nada de relações até o divórcio.
-Ela não sente necessidade, acredite. Pelo menos não fisicamente.
-Então porquê o assédio?
-A Vanessa está traumatizada. Você jurou amor eterno e a dispensou; Chace jurou amor eterno e a abandonou. Você acha que é fácil levar dois golpes desse tipo?
-Ela é nova, pode muito bem superar.
-Não venha com desculpas da sua avó. Ela pode ser nova, mas é um ser humano com sentimentos. Ela te amava cegamente e você a deixou. Ok, vamos superar. Casou com o Chace e depois de se entregar à ele de corpo e alma, ficou perdidamente apaixonada e chegou a pensar que ele sim era o homem da vida dela. Vida não-tão-perfeita e bam: ele a deixou. O que você faria no lugar dela?
-Eu entendo o seu ponto de vista, mas isso não é motivos para ela manter dois homens. Só porque tem medo de ficar sozinha? Quem tudo quer, nada tem.
-E o que é que ela tem, Zac? A Vanessa não tem nada além de dúvidas. Quem garante que você não vai deixá-la novamente depois? E quem garante que o Chace não vai pedir o divórcio?
-É um risco que todos corremos, a vida não dá garantia de nada. Ela só precisa confiar nas minhas palavras.
-Palavras fizeram isso com ela. Se ela está ferida e assustada foi porque palavras não coincidiram com as ações. Você precisa ter paciência, e não a pressionar. Ela mesmo já faz isso sozinha; está a ponto de explodir, coitada.
-E o que você quer que eu faça?
-Prove o seu amor por ela. Não com palavras, mas com gestos. Ela só considera o sexo como demonstração de amor por que você parecia tão apaixonado e do nada a largou, e o Chace que é fechado no dia-a-dia, se entregava na cama. Não estou dizendo pra você fazer o mesmo, mas tente conquistá-la novamente. Leve café-da-manhã na cama, compre flores, coisas assim. Ela precisa disso.

#Fim do Flashback#


Ashley tinha razão. Ela estava tão debilitada emocionalmente a ponto de afetar o físico. Ela precisava se sentir amada e logo. Chace voltaria e ela tomaria sua decisão e seja qual fosse, ele respeitaria, mas também lutaria pelo seu amor. Deitou Vanessa na cama e lentamente se livrou do moletom dela e do seu próprio.

-Você parece assustada. –Z sussurrou confuso. –Não quer?
-Eu quero, mas... Esquece. Só me ame. –V pediu depois de suspirar. Quem em sã consciência questionaria uma hora dessas? Mas ele era o Zac! O santo e casto Zac. –Não está se despedindo, está?
-Não, só quero mostrar o que eu sinto por você. –Ela ficou calada tentando assimilar a informação, mas logo desistiu.

Ele se curvou para lhe beijar e sentiu a redenção dela. Estava tão entregue, tão frágil...
Fizeram amor lentamente. Ela tentou acelerar algumas vezes, mas ele impediu. Queria fazer tudo com calma, sentindo-a totalmente entregue a si sem pressa alguma.
Vanessa não se lembrava de ter feito amor assim alguma vez –não que ela tivesse se deitado com mais alguém além de Chace e Zac. O fato era que com o marido era tudo mais carnal, mais desejoso e desesperado. Como era possível ela amar duas pessoas tão diferentes?
Ashley tinha razão: eles não tinham muito em comum além do amor que sentiam por ela. Ela tentava de alguma forma achar semelhanças para não se sentir tão culpada, mas eles eram como fogo e gelo.
Chace era explosivo, decidido, viva o momento como se não houvesse amanhã e tentava superar a si mesmo sempre, não importava se era em algum negócio ou no sexo. E ele sempre conseguia o que queria, era óbvio.
Zac era mais calmo, calculista e procurava fazer tudo de maneira pacífica. Mesmo zangado ele se mantia firme e com voz mansa. Ela nunca tinha visto ele gritar ou agindo fora do seu controle. Era tão controlado que irritava as vezes.
Além dos cabelos claros e olhos azuis, eles eram pessoas amáveis –pelo menos com ela, responsáveis, leais e confiantes. Nunca se sentiu desprotegida com nenhum dos dois, muito pelo contrário. As vezes se sentia mais segura com Zac na rua do que no carro com os pais, e o mesmo era com o esposo: preferia mil vezes o aconchego dos braços dele do que andar rodeada de seguranças.
Comparações... comparações inúteis. Isso não mudaria nada. Os dois haviam deixado ela de lado, por dinheiro ou por um motivo ainda desconhecido da parte de Zac. Será que seria sempre assim? Um largando e o outro pegando? E se surgisse um terceiro para participar do malabarismo com o coração dela? Ela seria capaz de se apaixonar por mais um?
Nunca achou que amaria alguém a ponto de querer casar até Zac aparecer. Depois de ter o coração destruído ela pensou que não seria capaz de amar outro homem, mas novamente o destino lhe pregou uma peça e veio Chace.
Mas o que ela estava pensando afinal? Como que se casaria com alguém e não se deixaria levar por ele? Chace era bonito, educado e uma ótima companhia. Porque raios ela aceitou se casar com ele se não queria compromisso? Nem ela sabia. Eles mal se conheciam. Com certeza essa foi a coisa mais irresponsável que ela fez na vida. Isso e se permitir engravidar...
Filhos! Ela queria ter? Com Chace sim, mas e com Zac? Sabia que ele desejava isso desde muito novo. Porquê parecia errado querer dar filhos ao homem que não tinha uma célula paternal no corpo, mas para o amante que tratava ela mesma como filha, não? Além do óbvio, tinha algo mais e era ela o problema.
Queria dar filhos ao Chace para lhe provar que eles não nasceram para ser pais, mas não queria dar ao Zac, pois ele não merecia. Queria ter se entregado a ele, mas foi rejeitada. Porquê então ela tinha que lhe dar o que ele mais queria?
Bufou. Zac já dormia e ela ficava se remoendo com esses pensamentos.
Levantou devagar e foi até o banheiro lavar o rosto. Quando voltou para o quarto viu uma pequena mancha de sangue no lençol. Fez uma nota mental para se lembrar de falar sobre isso com o médico. Demi estava certa, ela parecia uma virgem. Não que ela tivesse sangrado na sua primeira vez.


#Flashback#

Vanessa se sentia incomodada e antes mesmo de abrir os olhos, sabia que ele estava ali, ao lado dela. Suspirou envergonhada e puxou o lençol para se cobrir, mas ele impediu e ela precisou abrir os olhos.

-Porquê está corando? –A voz rouca dele questionou e ela sentiu-se ainda mais envergonhada.
-Estou descoberta.
-E?
-É estranho. –Ele pareceu concordar, mas quando ela tentou puxar o lençol novamente, ele não deixou.
-Você não precisa sentir vergonha do seu marido.
-Eu sei, mas... Por favor. –Ela tentou puxar mais uma vez, mas ele estava irredutível. –O que foi?
-Você.
-O que tem eu?
-Você era virgem? –Ele perguntou duro e aquilo foi como um tapa na cara pra ela. –Estou esperando a resposta.
-O que você acha? –Perguntou passando de rosada para vermelho. Como ele ousava perguntar isso? Ele não sentiu?
-Eu achava que sim, senti seu hímen e...
-E então?
-Você não sangrou.
-Que diferença faz?
-Você deveria ter sangrado, é normal.
-Você já tirou a virgindade de alguém antes?
-Não.
-Então como sabe?
-Ora como, sabendo.
-Mas não é regra.
-Prefiro que vá ao médico.
-Ele não vai poder dizer se eu perdi com você, e outra, não vou me abrir pra ninguém.
-Sim ele poderia dizer, e não, ele não vai te tocar; na verdade, é ela. Não deixaria homem algum tocar ou ver o que é meu. Só quero fazer umas perguntas. Não fizemos exames pré-nupciais e...
-Você acha que eu tenho alguma doença?
-Não, claro que não. Eu sei que fui o seu primeiro e...
-Então porquê perguntou se eu era virgem? –Bufou e cruzou os braços.
-Por que eu sou um idiota. Acordei e não vi sangue nenhum e então me preocupei. Me perdoe, não quis duvidar de você. Eu acho que não te rompi direito, ou se rompi o sangue está aí dentro preso. Ah, Vanessa, me entenda. Você foi minha primeira virgem.
-Primeira e ultima, diga-se de passagem.
-Ciúmes? –Sorriu. –Por favor, me deixe pelo menos ligar pro médico.
-Médica!
-Certo. –Ele disse levantando.
-Aonde vai?
-Vou ligar pro hospital e...
-Não precisa ser agora.
-Mas você não sangrou!
-E dai? Se fosse grave, eu já teria sentido alguma coisa.
-E como você está? –Ele se sentou na frente dela.
-Me sinto ótima.
-Não doeu?
-Não sei. –Ela disse envergonhada. –Eu nunca senti aquilo antes, então, não sei.
-Você gostou?
-Sim. –Disse tentando puxar o lençol.
-Não precisa se envergonhar, você é linda. –Ele disse se deitando do lado dela. –Tem certeza de que não te machuquei?
-Tenho. Você foi... Não sei. Queria dizer "o melhor", mas não tenho com o que comparar.
-E não vai ter. –A abraçou e ela ficou imóvel. –Já disse para não ter vergonha de mim.
-É estranho. –Disse tentando se cobrir. –Posso me cobrir? –Pediu suspirando.
-Pode, mas preferia que não o fizesse.
-E eu vou ficar assim o dia todo?
-Eu não me incomodaria. –Brincou e ela corou. –Quer tomar café agora?
-Só se eu me cobrir. –Ele revirou os olhos e ela puxou o lençol até o pescoço. –Estou com frio.
-Quer um abraço?
-É estranho.
-Eu sou o seu marido, estranho é sua atitude. –A beijou na testa. –Eu não vou fazer nada que você não queira, viu? Não se preocupe com isso.
-Você gostou? –Ela perguntou bem baixinho sem encará-lo. Ele não respondeu e ela já estava ficando agoniada. Ele não havia gostado, era isso? Arriscou uma olhada e ele estava sorrindo. –Não ria de mim.
-Não estou. Você é tão linda quando cora.
-Se não quer responder...
-Eu não disse isso. –Ela fechou os olhos com receio da resposta. –É claro que eu gostei, e gostei mais ainda por que você gostou e tentou me agradar. Muito obrigado, senhora Crawford. –A beijou. –Sou o homem mais feliz do mundo.
-Não a de que, senhor Crawford. –Sorriu vermelha. –Podemos pedir o café agora?

#Fim do Flashback#


Aquela manhã havia sido o início de tudo. O relacionamento deles passou a ser contado a partir dali pra ela. A médica tinha dito que ela não tinha sangrado ou sentido dores por que estava "totalmente entregue ao momento" e até elogiou o marido por ser capaz de realizar tamanha proeza.
Resolveu ir até a cozinha, precisava beber alguma coisa. Depois de vasculhar a geladeira, ela pegou uns biscoitos e encheu um copo com suco de laranja. Estava faminta mesmo tendo acabado de almoçar. Sentou no sofá e ficou pensando...
Porquê? Não, era errado pensar nele. Ela devia começar a planejar um futuro ao lado de Zac em vez de ficar lembrando do passado. Ele sim não merecia essa situação. Estava sendo o amante e isso doía não somente nela, mas nele também. O conhecia bem demais pra saber que esse "cargo" o incomodava.
Deu um pulo quando ouviu batidas na porta.

-Quem é? –Perguntou apreensiva.
-Dona Susana. –Ela revirou os olhos e quando ia destravando a porta, sentiu a brisa percorrer o copo. Estava nua!
-Só um minutinho. –Disse voltando ao quarto e se enrolando em um roupão. –Acorda! –Cutucou Zac. Por mais que doesse, ela precisava fazer isso. Afinal, eram amantes! –Amor, acorda.
-Não me diga que quer mais. –Ele resmungou sonolento.
-Não, agora não. A minha vizinha está na porta.
-Tenho que ir me apresentar como amigo ou me esconder no armário? –Ela fingiu que não notou o tom de hostilidade.
-Só quero te avisar. Não quero ninguém te vendo nu por aí. Só eu posso. –Lhe beijou rapidamente. –Volte a dormir, mas não se esqueça de vestir algo se quiser sair.
-Ok. –V sorriu e fechou a porta do quarto.

Vanessa deu uma olhada rápida pela sala pra vê se não tinham provas do crime, mas estava tudo em ordem. Passou as mãos no cabelo e abriu a porta.

-Boa tarde, Dona Susana. Tudo bem?
-Sim. Eu só queria conversar com você. –Disse séria e Vanessa estranhou. Será que ela tinha visto ou ouvido alguma coisa?
-Claro, pode entrar. Só não repara na bagunça. A Julie ainda está no interior visitando a família dela. Sente-se. –Apontou o sofá e se sentou em outro. –Aceita alguma coisa? Um suco ou uma água?
-Estou bem, obrigada. Pretendo ser breve.
-O que houve? –Ela perguntou casualmente enquanto voltava a comer os biscoitos que havia abandonado para abrir a porta. Estava tão nervosa. E se ela soubesse?
-Bem, eu conversei com o seu marido sobre a festa de final de ano, você sabe, mas vocês não foram.
-Tivemos alguns contratempos.
-Eu imaginei. Bem, ele tinha pago com antecedência e eu usei o dinheiro pra comprar as coisas, mas como vocês não foram, eu devo devolver.
-Como assim? Não tem problemas. Não fomos por que não deu, mas queríamos ter ido.
-Mas não foram! No contrato está escrito que temos que devolver o dinheiro de quem não foi.
-Mas nós nem avisamos que não iríamos, então, a culpa é nossa. Vocês com certeza arrumaram nossa mesa e...
-É muito dinheiro, vizinha, e eu ficaria com um peso na consciência se não o devolvesse.
-Quanto?
-Quase cinco mil dólares. Ele queria algo bem feito e de boa qualidade. Como vocês, que foram os principais contribuintes, não aproveitaram, então tenho que devolver o dinheiro.
-Não senhora. O Chace é assim mesmo, gosta de esbanjar, por isso, não se preocupe. Esse dinheiro não faz nem falta, acredite.
-Mas...
-Dona Susana, vocês organizaram toda a festa e fizeram a quantidade de comida para as pessoas confirmadas. A culpa não é sua se a gente não apareceu. Aconteceram algumas coisas e eu viajei e ele também, mas isso não muda nada. Vocês fizeram a parte de vocês, então, nada de sentir culpa. Não precisamos desse dinheiro e eu não vou aceitar, até por que, não fui eu quem lhe pagou.
-Mas o seu marido...
-Pensa como eu, pode acreditar. Se a senhora tentasse devolver ele se sentiria ofendido, tenho certeza.
-Pelo menos a metade...
-Nenhum centavo.
-Tudo bem. –Se levantou. –Eu realmente não me sinto bem com isso. Sobrou uma parte.
-Então deixe guardado para comemorações futuras. –Sorriu abrindo a porta. –Não se preocupe, não precisamos desse dinheiro e nem queremos.
-Se você diz. Qualquer coisa, sabe onde me encontrar.
-Apartamento 320, eu sei. –V sorriu mais uma vez e fechou a porta.


Nem se precisasse do dinheiro ela aceitaria. Era dele e ela não queria nada que vinhe-se de Chace. Estava na hora de deixar ele de lado e... Droga! Esqueceu de ligar pra mademoiselle Louise e acalmá-la.

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Hei girls, como estão? Capítulo prontinho pra vocês. Eu ia postar ontem, mas não tive tempo. Vocês acham que a Vanessa vai mudar de opinião?! Nossa, que espertas =X Obrigada a todas que comentaram, suas lindas. Quero avisá-las para prepararem o coração porque o próximo capítulo será bem tenso. Queria fazer um pedido aqui (já fiz no nosso grupo do whatsapp): A Margarida Oliveira começou uma história nova intitulada Um quarto em Paris e ela está achando que vocês não estão gostando da história. Vamos comentar por escrito, por favor!!! Necessito dos próximos capítulos e eu sei que vocês também querem, ou vão me dizer que não querem saber como será o reencontro de Zanessa ou o casamento da Vanessa com o Alex? Vamos lá, os dedos não caem. Anyway, curtam o capítulo. Vou começar a usar o grupo do facebook pra avisar quando for postar. 
Xx

4 comentários:

  1. Que capítulo foi esse??
    Eu estou D E S M A I A D A.
    O que vai acontecer no próximo capítulo??
    Estou com uma curiosidade master.
    O capítulo ficou simplesmente INCRÍVEL.
    Posta loguinho
    Bjos

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  2. ESSE CAPÍTULO ESTA MARAVILHOSO
    Finalmente ne mana
    Zac querendo aproveitar indiretamente :3
    Essa Vanessa é tão dividida
    Aff
    Já quero o próximo
    Besos

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  3. Carramba!!!
    Mds,eu n entendo vanessa,agr ela ta em dívida de novo
    E espero q ela perceba o q zac quer provar a ela
    E q chace ache alguém p ele kkkkk
    Amei amei amei

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  4. é possível uma pessoa fazer amor com outra e não perder a virgindade
    e depois ela fazer isso com uma pessoa que realmente ama e perder????
    tô passada aqui
    amei o capítulo ♥♥♥
    posta mais,kisses

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