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terça-feira, 19 de maio de 2015

Capítulo 1 - Segunda temporada

-Eu odeio a minha vida. –Vanessa resmungou pela milésima vez. –Eu não aguento mais isso. –Choramingou.
-Você só está com cinco meses, Vanessa, pare de frescura. –Victoria a repreendeu. –A barriga nem está pesando ainda.
-Maldito filho! Porquê comigo, Senhor? Me livra desse cálice, Deus, Maria, Jesus, sei lá. Alguém aí de cima.
-Deixe de drama.
-Drama? Estou sendo espancada de dentro pra fora.
-Ele só está agitado. –Se aproximou e acariciou-lhe a barriga. –Só preciso de um carinho da minha mãe, só isso.
-E eu preciso me livrar dessa fadiga, e olha só? Não consigo.
-Você é tão rude.
-Não sou rude, apenas estou ensinando que nem sempre temos tudo o que queremos.
-Ridícula. –Revirou os olhos. –Você deveria ser mais carinhosa com o seu filho. Chace se magoa desse jeito.
-Problema dele. Eu já deixei claro que não quero a gravidez e ele não apóia o aborto, então...
-Você é tão desnaturada. Também pode morrer, sabia?
-Não me importo! A minha vida é um inferno.
-Passa o dia sem fazer nada e ainda reclama?
-Não é isso, Victoria. Eu me sinto enfadada, cansada, irritada e isso tudo por conta dessa coisa na minha barriga. E ela ainda me chuta!
-Suas emoções também são dela.
-E que culpa eu tenho? Estou detestando cada minuto dessa experiência horrorosa. Que acabe logo, Senhor.
-Você está chegando no sexto mês, então, vai precisar esperar um pouco.
-Você sabe que não é sexto e sim, oitavo.
-Mas como você tem pouco líquido, passa maravilhosamente bem como sexto.
-Que raiva!
-Aprenda a usar melhor o anticoncepcional na próxima vez.
-Nunca mais transo com ninguém.
-E os gemidos de ontem a noite?
-Não aconteceu nada ontem a noite. Só tentamos, mas não consigo.
-Não deveriam nem tentar! Já falei que isso é perigoso.
-Fale isso para o seu chefinho. E de qualquer forma, ele vai ter com o que gastar as energias depois que isso sair de mim.
-Ah, é?
-Claro. Não vou mover um músculo pra cuidar disso.
-Certo, madame. Não acha que já está na hora de por um nome no seu bebê? Melhor ainda: saber o sexo dele! Assim, já compramos o enxoval e tudo mais.
-Nada disso. Se for menina, vou detestar mais ainda.
-E você quer um menino?
-Desde que concordei com isso de filhos eu quis menino, então, é um.
-E se for menina?
-Vira sapatão.
-Nossa. –Riu. –Você é horrível. Não sei como o Chace te aguenta.
-Ele não aguenta. –Sorriu fraca. –Quase não volta mais pra casa e quando chega, só tem olhos pra essa barriga. –Suspirou.
-Você só sabe reclamar dele. Deveria aproveitar pra comandá-lo. Ele está todo bobo com a ideia de ser pai.
-Mas ele não é.
-Pai não é quem faz, é quem cria e da amor.
-Seria mais fácil acreditar nisso se o pai dele fosse um brutamontes e não quisesse filhos. Ele sempre quis, tipo, sempre mesmo. –Negou com a cabeça. –Me sinto péssima quando penso no que estou renegando a ele.
-Sabe o que eu acho? Que é por isso que você não quer se apegar a criança. Sabe que quando o pai descobrir, vai tirá-lo de você.
-E vai mesmo, nem duvide.
-Então aproveite para amar seu filho nesse tempo. Quem sabe assim, isso não os une?
-O Chace só melhora a cada dia, então, impossível.
-O futuro nos prega peças, Vanessa. Quem está bem hoje, amanhã pode não estar mais entre nós. Viva as maravilhas da maternidade.
-Victoria, não é birra. É horrível esse negócio te chutando o tempo todo.
-Se você soubesse quantas mães não sentem os filhos chutando por problemas com os bebês.
-E que culpa tenho eu?
-Pense nos filhos que você perdeu e como você se sentiria se perdesse esse.
-Não comece com esse sentimentalismo. Já disse que não ligo e não quero essa criança.
-Você é uma ridícula!
-E você deveria estar arrumando as malas. Vamos viajar amanhã, não lembra?
-No período da noite, por isso, sem pressa. –Olhou no relógio de pulso. –Chace deve está chegando.
-Duvido. Ele não chega antes das 22h já faz um bom tempo.
-Hoje é diferente.
-O que você aprontou?
-Vanessa, só aproveita, ok? Pensa no seu marido.
-Que não quer mais saber de mim.
-Ele te ama e você sabe.
-Pois ama mais esse pivetinho.
-Por que a mãe dele não o ama e não lhe da carinho! Chace sabe o que é ser rejeitado e por isso está mimando o filho por vocês dois.
-Não interessa.
-Eu não vou discutir isso. Só aproveite o jantar e o seu marido. –Falou saindo do quarto.

     Vanessa bufou e se esticou para pegar o telefone que estava no meio da cama. A barriga poderia não ser tão aparente com as roupas que usava, mas só ela sabia o tamanho que estava e o quanto pesava. Ninguém tinha visto sua barriga nua desde que voltara pra Índia, e ela tinha medo de como seria nos EUA.
     Estava sendo fácil esconder o volume com os saris apertados que usava, mas com certeza iria ser forçada a usar os vestidinhos que Ashley tinha mandado pra ela assim que pisasse em solo americano. Clicou no jogo que Chace tinha baixado e tentou ocupar a cabeça com as tarefas que precisavam ser realizadas. Era um jogo bobo aos olhos de muitos, mas que lhe aterrorizava lá no fundo. Ela era uma babá que precisava cuidar de várias crianças ao longo do dia, ou no caso apenas quinze minutos, e precisava fazer mamadeira, trocar fralda, dar banho, brincar, por pra dormir e o pior: limpar o vomito.

-Animada, mamãe? –Chace perguntou ao lado dela.
-Que susto, homem. –Ele riu e lhe beijou na face. –Chegou faz tempo?
-Não, acabei de entrar. E meu filhote? –Beijou-lhe na barriga e ela sentiu o chute. –Também senti saudade, filho.
-Poxa Chace, ele tinha acabado de parar de chutar.
-Aí Vanessa, deixe de drama. Já já ele para de novo.
-Com você falando com ele? Duvido.
-As vezes acho que você tem ciúme do seu próprio filho. –Ela lhe deu língua. –Que coisa feia, mamãe.
-Ok, pai do ano, qual o milagre de você chegar cedo?
-Vamos jantar fora.
-Hoje?
-Sim, porquê não? É nossa última noite aqui.
-Exatamente.
-Você precisa sair de casa um pouco, amor. Escolhe logo a roupa e se veste por que o jantar está marcado pras 20h e o tempo de atraso é de apenas dez minutos.
-Eu preciso de um banho.
-Você está cheirosa.
-Não interessa.
-Tudo bem. Eu tomo primeiro e depois você. –A beijou na testa e se levantou. –Escolhe uma roupa pra mim, por favor.
-Sim senhor. –Se levantou com dificuldades e montou um look para o esposo. Para si mesma escolheu um sari preto bem simples. Sabia que a Dona Kalika ia implicar com a cor dizendo que traria mau olhado para o bebê, mas iria ignorar. –Quem mais vai nesse jantar?
-Só nós três.
-A Victoria já sabe?
-Não, Vanessa, você entendeu errado. Nós três: eu, você e o bebê.
-Só nós dois então.
-Nós três. –Chace corrigiu saindo do banheiro enrolado numa toalha.
-Ele ainda está aqui dentro, então, somos só nós dois.
-Como você é chata. –Ela ficou na ponta dos dedos e o beijou rapidamente antes de entrar no banheiro com sua roupa nas mãos.

[...]

-Ok, qual é o motivo disso tudo? –V perguntou colocando a água de lado.
-Já disse que é a nossa ultima noite aqui, então, quis inovar.
-Depois de meses?
-A culpa não é minha se você não quis sair de casa durante nosso tempo aqui. Eu te convidava...
-Pra jantar com o pessoal da empresa, e eu dispenso.
-Era a única coisa que eu podia te oferecer.
-Poderia jantar comigo em casa.
-Pra vê você vomitar tudo no final da noite? Isso eu dispenso. –A imitou.
-Claro, por que eu pedi pra engravidar, né? –Ironizou. –Implorei aos pés da cruz pra ficar grávida e passar por esse tormento.
-Eu só brinquei, amor. –Pegou na mão dela. –Não precisa falar desse jeito.
-Não vejo graça nenhuma nessas brincadeiras. Você sabe que eu não gosto e nem quero isso.
-Eu sei, me desculpe. É só que você é tão rude as vezes com nosso filho que eu tenho medo de como vai ser quando ele nascer.
-Não vou matá-lo se é isso que te apavora.
-Espero que seja verdade.
-Se você quiser, eu nem chego perto dele.
-E eu vou limpar as fraldas sozinho?
-Vai. Vou dormir, comer e fazer tudo o que fui privada de fazer nesses meses enquanto recupero meu corpo. –O olhou séria. –É bom eu conseguir recuperar o meu corpo, entendeu?
-Sim, senhora. –A beijou rapidamente. –Tem mais uma coisa.
-Pode falar.
-Você está distante de mim e isso me incomoda.
-A culpa é desse estorvo que eu carrego.
-Não, a culpa é toda sua! Eu tento me aproximar e você me afasta como se eu fosse algum monstro. A Victoria me disse que são os hormônios e eu até entendo, mas é difícil.
-Só faço o que me parece certo.
-E me empurrar e me bater é o certo pra você?
-Na maioria das vezes, sim. Em outros casos, eu só desconto em você mesmo.
-E não se incomoda com isso?
-Não, por que eu sou uma nojenta sem coração, não é mesmo?
-Vanessa, eu não queria dizer aquilo.
-Mas disse!
-Foi num momento de raiva, e eu nem sei por que a Victoria te contou isso.
-Ela não contou nada; eu que ouvi da sua própria boca. Fui que nem uma tola me desculpar e te ouço me xingando de todos os nomes possíveis. Só estou sendo a praga que você anda descrevendo por aí. –Deu de ombros.
-Só foi uma maldita vez, e até me arrependo.
-Que coisa, não? A sua sorte é imensa. –Ironizou.
-De qualquer forma, foi há menos de um mês e não é de agora que você anda me afastando.
-São os hormônios.
-Vanessa, estou falando sério!
-Eu também, querido.
-Pare de ironia! Estou tentando me acertar com você.
-E quem disse que eu quero me acertar?
-Como é?
-Vou fazer da sua vida um inferno do mesmo jeito que você faz com a minha!
-Eu só procuro o melhor pra você. Trabalho duro pra te dar tudo do bom e do melhor, e desejo o mesmo para o nosso filho.
-De novo esse filho maldito! Eu já disse que não quero essa criança e você continua me forçando a tê-la. Escute bem uma coisa, Crawford: Eu posso até parir esse negócio, mas não vou mover uma palha sequer para cuidar dela, está me ouvindo? Depois que sair de mim, eu não vou querer saber de nada.
-E eu vou amamentar como, posso saber?
-Dê o seu jeito. Crie mamas e faça sair leite delas, compre do supermercado, contrate uma ama de leite, sei lá. Não quero saber!
-Você sabe que vai se arrepender disso, não é? Assim que você pegá-lo no colo, vai sentir tanta dor e nojo de si mesma que eu tenho até dó.
-O mesmo nojo que você sente?
-Eu tenho pena de você, Vanessa.
-Digo o mesmo, e olhe que ainda nem comecei a por em prática os meus planos. –Chace negou com a cabeça.
-Seja o que for que aconteceu com você, espero que não volte e te destrua.

Ele pediu a conta e eles voltaram para casa sem trocar nenhuma palavra. Vanessa entrou no quarto e fechou a porta em seguida.

-Ótimo, vou dormir aqui fora, pode deixar. –Chace resmungou e ela revirou os olhos.

     V trocou de roupa e se deitou. Tinha cometido um erro enorme ao contar para o marido o que planejava fazer, mas não podia mudar o passado. Já que ele sabia, o jeito era continuar e de um modo bem pior e inesperado. Se Chace esperava fogo, receberia uma tempestade de neve. Se quisesse gelo, teria um vulcão em erupção. Tudo ao inverso e da pior qualidade. Claro que ela não poderia fazer algo que prejudicasse a reputação que ainda tinha. Bufou tentando arranjar uma posição confortável.
     Tinha que falar com a mademoiselle Louise antes de ir naquele maldito almoço na casa dela, mas como? De que modo poderia iniciar uma conversa com a avó do marido, e que infelizmente, sabia das traições? Com certeza iria desconfiar do bebê, e Vanessa não poderia ser tão cara de pau a ponto de mentir para uma senhora de idade. Será que ela perdoaria e guardaria segredo? Provavelmente não, afinal, era o sobrenome Crawford que estava em jogo. Grunhiu e se levantou. Sabia o que estava incomodando a ela e ao bebê também. Desceu as escadas silenciosamente e parou ao lado do sofá.

-Chace? –O cutucou. –Chace!
-Vai nascer? –Se levantou assustado.
-Ainda não. –Ele bufou e a encarou. –Não consigo dormir e nem ele.
-E quer que eu vá dormir com você?
-Não finja que não quer.
-Só por que temos que viajar amanhã, por que se não, eu deixaria você sofrer a noite inteira.
-Ah, claro. –Revirou os olhos.
-Estou falando sério.
-Com certeza; vem. –O puxou pela mão e no alto das escadas já estavam abraçados. –Que fique claro que é só por ele.
-Certo.
-Não sei pra que o sorriso. Eu realmente posso viver alegre e satisfeita sem você, por isso, nem se anime. Você sabe que não me faz falta nenhuma.
-Sei. –Disse sério.
-Ótimo. –O abraçou. –Boa noite.
-Eu amo vocês.
-Ele nem sabe que você existe, então, fique com o silêncio. –Ele revirou os olhos e ela o apertou nos braços. –Posso até te amar um pouquinho, mas meus planos permanecem.
-Eu sei disso. –Respirou fundo antes de continuar. –Você não está tentando me fazer pedir o divórcio, não é?
-Se eu quisesse isso, você saberia. –Deu de ombros. –Só quero o seu sofrimento mesmo.
-Vai durar muito?
-O quanto eu achar que deve durar.
-E já está contando com o que eu já passei e passo nas suas mãos?
-Não, isso é só um teste. Fique tranquilo: você vai saber quando começar.
-Queria saber aonde está a mulher com quem me casei. –Suspirou.
-Do seu lado, só que grávida.
-E possuída pelo demônio, certo?
-Você ainda não viu nada, querido. –O beijou e fechou os olhos. –Ainda.

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Oi? Posso começar com "não me matem?" Sério, sinto muito por não ter postado antes! Eu mudei o designe, editei alguns capítulos e adicionei um gadget pra separar as temporadas e pretendo terminar de marcar os capítulos que faltam o mais rápido possível por que assim fica mais fácil pra mexer. Well, agradeço aos comentários e bem-vinda leitora nova Ponny!!! Querida "Fanfic Zanessa", eu dei uma olhada no seu blog e AMIGA PARE! NÃO SOU OBRIGADA A SOFRER ESPERADO HAUAHAUH Adorei, e vi até uma Thais (risos) na história. Parece comigo, juro KKKKK Tirei essa conclusão na rápida olhada que dei, por que assim, eu fiz um pacto comigo mesma que não vou mais ler fanfic sem estar finalizada por que não aguento mais sofrer esperando haha. Eu leio algumas que ainda estão correndo por que são amigas e eu perturbo no privado atrás de spoilers (sou cara de pau) mas prometo que assim que terminar, vou ler e da uma opinião melhor (me avise), mas eu gostei e indico. Agradeço por ter acompanhado e continuar acompanhado, sério, muito obrigada mesmo! Sei que não sou fiel postando (sim, eu sei gente). Como estou postando pelo celular, não tem como eu arrumar o link bonitinho como gosto de fazer BUT no próximo capítulo, juro que arrumo! Gracias a todas que comentaram e gostaram e não me mataram. Espero que gostem desse capítulo e que percebam como as coisas mudaram. Deixem suas opiniões sobre o que aconteceu e o que acham que vai acontecer.
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