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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Capítulo 45

Vanessa acordou com um calor infernal e uma dor aguda no ventre. Tentou se mexer e logo sentiu os braços de Chace ao seu redor. As imagens da noite passada invadiram sua mente e ela precisou reprimir o soluço.
Com cuidado, saiu do quarto sem fazer barulho e fechou a porta. Estava exausta e a dor que tinha no ventre começou a se espalhar pelo resto do corpo. Se jogou no sofá e deixou as lágrimas rolarem sem nenhum som. O telefone residencial tocou e ela esticou o braço.

-Alô?
-Vanessa?!
-Mamãe. –V recomeçou a chorar ao reconhecer a voz de Gina.
-O que foi, minha filha? Porquê você está chorando? O que fizeram com você, Vanessa?
-Mamãe, está doendo tanto; faz parar, por favor.
-O que dói? O que aconteceu?
-Dói tudo, até a alma. –Fungou. –Mamãe, ele voltou e está aqui. Eu não queria, mas agora eu quero ou acho que quero, eu não sei. Minha cabeça dói, meu corpo, meu coração... Tudo. Eu quero morrer.
-Vanessa, ele é o seu marido! –Gina tentou repreendê-la pelo drama. –O que houve? O que ele fez com você? Te bateu?
-Ele, a gente, nós... Ah mamãe, eu não queria, eu juro.
-Ele abusou de você? –Ela perguntou assustada.
-Eu me ofereci, mas depois não quis mais, só que ele não parou. Doeu tanto e ainda dói.
-Você pediu pra ele parar?
-Não.
-Ele não é adivinha, Vanessa.
-Vai defendê-lo? Eu que sou sua filha, e não ele.
-Ele é meu genro e eu conheço a filha que tenho. Você deveria ter avisado, pois que eu saiba, Chace não sabe ler mentes.
-Eu preciso de colo e não de repreensões.
-Desculpe. Como você está? E ele? Não percebeu que você não estava gostando?
-Ele sabe fazer alguém sentir vontade mesmo sem querer, e mesmo assim, o meu corpo o rejeitou. Eu tentei e ele também, porém não funcionou. Ardeu tanto, mas ele soube me instigar até ficar com vontade, mas do meio pro fim eu já não aguentava mais.
-E ele?
-Estava tão empolgado que nem se deu conta. Ele sentia saudade, e eu até gosto da ideia já que significa que ele não teve outra, porém não quero repetir.
-Isso você tem que conversar com ele, e procurar um médico também. Não é de agora que você vem tendo essas dores, Vanessa.
-Eu sei, até tinha agendado, mas esqueci da consulta.
-E porquê não remarcou?
-Eu remarquei, três vezes. Juro que esqueci e até coloquei lembrete no celular, mas como fui buscar o Chace no aeroporto, tive que cancelar.
-Trate de ir. Isso pode ser algum problema que pode impedir você de me dar netos. –V suspirou. –Você ainda não mudou de ideia sobre crianças?
-Não sei nem se quero continuar casada, quem dirá ter filhos.
-Que história é essa Vanessa Anne? Casou com um desconhecido porque quis, agora trate de aguentar o fardo. Achou que casamento era um mar de rosas?
-Mãe, não sou nenhuma criança e sei o que eu quero e o que é melhor pra mim. –Bufou. –Não é de agora que eu passo por crises e já me aconteceu tanta coisa que a senhora nem imagina. –Disse lembrando dos abortos. Se a família ao menos sonhasse que ela tinha perdido um filho, Chace estaria morto, quem dirá três? –O fato é: preciso de mais e o Chace não tinha feito nada a esse respeito antes, só que agora que voltou, parece diferente. Parece outra pessoa, mais madura e segura de si, mas ao mesmo, insegura também. Eu o amo, mas já tinha pensado numa vida futura longe dele. Estou confusa e não sei se fico e pago pra vê, ou se fujo antes de ser tarde demais.
-Você quer que esse casamento dê certo?
-Eu não sei; é essa a questão. Sei o que devo fazer pra mudar a situação, mas não sei se ainda quero continuar com ele. Afirmo novamente que o amo, mas eu estava quase adaptada a nova vida sem Chace. Queria morrer pra não fazer escolha nenhuma.
-Existe outro?
-Não, claro que não. –Tossiu nervosa e ouviu a porta do quarto se abrir. –Mamãe, ele acordou. Preciso desligar pra fazer meu papel de esposa perfeita.
-Não está fugindo, está? –Gina perguntou desconfiada.
-Claro que não. Quer falar com ele?
-Quero!
-A senhora me ofende desse jeito, sabia?
-Passe para o meu genro predileto.
-Não sabia que a senhora tinha outros genros.
-E não tenho. –V riu e estendeu o telefone para Chace.

-Minha mãe quer falar com você. –Avisou. –Quer que eu prepare seu café?
-Quero que você volte a dormir, são cinco e meia da manhã. –Chace avisou com sua voz rouca pelo sono e tossiu um pouco. –Vá para o quarto e é melhor dormir, ou então, vamos ter um problema. –Disse sério e ela lhe deu língua. –Senhora Crawford, que modos são esse?
-Você está tão mandão ultimamente.
-Eu sempre fui mandão, agora vá, não vou demorar.
-Ok, senhor me-obedeça-ou-morre. –Lhe deu um beijo rápido e entrou no quarto fechando a porta em seguida.

Olhou para a cama e sentiu o estômago revirar. Tinha uma pequena mancha de sangue no lençol e um arrepio subiu por sua espinha. Será que ela estava doente? E se durante as relações com Zac ela tinha pegado alguma DST? Era possível, já que de acordo com Alex, ele tinha se envolvido com diversas mulheres no passado.
Tirou esse pensamento da cabeça e tratou de trocar as roupas de cama. Zac já tinha lhe dito que sempre usava camisinha com quem quer que fosse. Quando estava terminando de arrumar a cama, Chace entrou no quarto.

-O que houve? –Ele perguntou estranhando.
-Também queria saber. –Suspirou. –Tinha sangue na cama, de novo.
-Como assim "de novo"?
-Estou com sangramentos, eu acho. –Respondeu nervosa. –Ou isso ou estou com a menstruação desregulada, o que é mais provável.
-Você está nervosa. –Ele comentou o óbvio.
-Estou com medo. E se eu estiver doente? Minha mãe disse que posso não ter filhos. Só porque eu não quero, não significa que quero ficar estéril, entende?
-Você precisa ir no ginecologista. –Chace disse a puxando para um abraço.
-E você em um clínico geral. –Retrucou se afastando. –Estou com dores, mas não quero te deixar sozinho. E se você surtar de novo?
-Podemos ir juntos para uma consulta, o que acha? Primeiro vamos na ginecologista e depois...
-Você acha que me engana? Quem garante que depois você vai no médico?
-E quem me garante que você vai? Sua mãe me contou das consultas perdidas.
-Eu esqueci. –Corrigiu irritada.
-Claro. –Ironizou.
-Ah Chace, não me enche. Preciso de um banho; termine você de arrumar a cama, afinal, também dorme aí, e se eu me machuquei, foi por sua culpa.
-Minha culpa?
-Transei com o que? Meu dedo?
-Quem me provocou foi você!
-E você nem queria. –Falou o mais sarcástica que conseguia.
-Eu só queria conversar, mas você tinha que jogar baixo e me seduzir.
-Pois não faço mais! –Disse e se trancou no banheiro.

Vanessa respirou fundo e ficou pensando no que faria enquanto a banheira enchia. Ouviu a porta do quarto se fechar e desabou no chão. Não queria continuar do mesmo jeito, mas tinha que descobrir o que Chace tinha e o porque de Zac ter terminado tudo.
Lavou os cabelos e esfregou cada canto do seu corpo com a esponja. Sentia-se suja e ao mesmo tempo mais suja por se senti suja. Sabia que era errado ficar com Chace, mas ele era o seu marido e Zac era apenas seu amante. Os dois sabiam que ela poderia reconsiderar a ideia de se separar, mas tinham combinado de conversar antes para por um ponto final na relação.
Se ela e Chace foram realmente flagrados durante o jantar, com certeza Zac já deveria estar sabendo e pensando o pior dela. Mas ela era a errada e não eles. Ela havia procurado seduzir o ex dois meses antes e na noite passada, o próprio marido, e tudo isso para evitar uma conversa.
Esfregou-se com mais força e resolveu tomar uma ducha gelada, afinal, só assim conseguiria acalmar os pensamentos que estavam a mil. Se enxaguou e pegou numa toalha branca que estava estendida ali. Estava dolorida e rosada devido aos esfregões constantes na sua pele. Saiu do quarto devagar e gelou quando o viu estirado na cama com o MacBook no colo. 

-O que foi? –Chace perguntou observando o corpo moreno a sua frente.
-Achei que você tinha saído.
-Se enganou.
-Vai trabalhar aqui?
-É meu quarto também, ou estou enganado? –V apenas ignorou e começou a revirar o guarda roupa. –Não vai trocar de roupa na minha frente, vai?
-Qual o problema? Até parece que nunca me viu nua.
-Sinta-se a vontade, senhora Crawford.
-Chace, eu não quero brigar. Poxa, estávamos tão bem e do nada nós começamos a discutir.
-Você que me atacou, eu só queria te ajudar.
-Eu sei, mas mesmo assim, parecia provocação.
-Se eu quisesse te provocar, seria mais óbvio.
-Não fica magoado comigo, por favor.
-Vanessa, eu tenho uma reunião pra dirigir. Se quiser dormir, durma, se não, não. Só peço que não me atrapalhe. –Ela resmungou algo que ele não entendeu e largou a toalha no chão. –Vai pegar um resfriado se continuar nua e molhada. –Ela revirou os olhos e puxou as cobertas para cima. –O que você pensa que está fazendo?
-Vou dormir.
-Nua?
-Qual é o problema? Dormi assim ontem.
-Quer mesmo me provocar?
-Só quero dormir, Chace. Quem sabe, quando eu acordar, seu mau humor não tenha passado e você queira tentar de novo?!
-Pra me acusar de abusar de você pra sua mãe de novo? Não, obrigado.
-Eu não acusei, ela quem disse isso e eu desmenti.
-Mas disse que não queria.
-E eu não queria mesmo.
-Então porque me seduziu? Só porque não queria conversar? Se você ainda não sabe o que quer, era só ter dito que eu te deixava em paz.
-Me desculpa; eu não queria te magoar.
-Pois fez. Achei que você sentia saudade de mim.
-E eu sinto. Chace, eu tenho tanto medo de te perder. –Confessou pegando nas mãos dele. –Eu amo você, amor. Amo mais do que a mim mesma e fico com vontade de morrer só de pensar que algo pode te fazer mal. Apesar do meu amor, eu já tinha feito planos para mim e eles não te incluíam, pelo menos não o velho Chace. Estou confusa, só isso. Me dê um tempo para pensar, sim? Juro que não preciso de muito.
-Tudo bem. Se quiser que eu fique em outro lugar pra te dar espaço...
-Não! Quero você comigo porque preciso conhecer esse novo Chace, e que por acaso, está doente.
-Não preciso da sua pena.
-Não é pena, e sim preocupação. Sendo velho ou novo, você ainda é o meu Chace e eu sou a sua senhora Crawford.
-Se você insiste. –Ouviu o computador apitar. –Preciso iniciar a reunião.
-Vou dormir. –Disse se inclinando para beijá-lo. –Amo você é bom trabalho.

[...]

-Não, eu acho que isso não será necessário. –Chace disse. –Sobrevivemos com o lucro de 10% da sua empresa por quase dois anos, então, porquê vocês não poderiam aceitar 15% da nossa? Ainda estão saindo com mais do que deveriam.
-Hmmmm. –V resmungou de olhos fechados. Sentia o corpo relaxado, mas os músculos internos ainda estavam um pouco doloridos. –Amor, ainda está trabalhando?
-Sim. Volte a dormir, na hora do jantar eu te chamo.
-Jantar? E o almoço? –V questionou levantando num sobressalto e Chace a encarou. –Desculpa. –Puxou o lençol até cobrir os seios desnudos. –Que horas são?
-Um pouco depois das 17h.
-Eu dormi tanto assim?
-Você estava exausta.
-E você não parou pra comer?
-Fiz uma salada de frutas improvisada. –Disse voltando a encarar a tela. –O que me diz, Steve?
-Se você consegue conciliar trabalho e sexo com 10% eu também consigo com 15%. –Riu zombeteiro e Vanessa reconheceu a voz do homem. Era o mesmo que tinha almoçado com eles em Vegas.
-Isso se chama casamento. –Chace disse sorrindo. –Deveria tentar um dia.
-Se a senhora sua esposa aceitasse ser a futura senhora Hüller, quem sabe?
-Procure a sua própria senhora Hüller e deixe a minha Vanessa com o seu Crawford no sobrenome.
-O Vanessa fica bem acompanhado de Hüller.
-Steve Hüller chega a falência depois de perder todos os seus sócios é uma legenda que combinaria com sua foto nos jornais, não acha?
-Certo, Crawford, você venceu. 15% dos lucros.
-Depois desse joguinho, 12% e nada mais.
-Posso chorar agora?
-Não vai adiantar. –Sorriu. –Josh, atualize o banco de dados e acrescente o nome do senhor Steve Wey Hüller ao de nossos sócios.
-Sim, senhor. 
-Amor? –V cutucou Chace.
-Sim?
-E sua secretária "barra" assistente pessoal, onde está? –Tentou se aproximar da tela. 
-Em casa fazendo ligações. –Chace disse virando o MacBook para o lado oposto.
-E porquê não no escritório? Assuntos de trabalho deveriam ser tratados no ambiente de trabalho.
-Ela destruiu a sala dela com raiva de mim; e pra fazer essas ligações, ela precisa de tempo e privacidade, e isso, só a minha sala tem e eu não estou com vontade nenhuma de reformar minha cobertura. A casa dela é melhor; tem espaço e é confortável.
-E como você sabe?
-Vanessa, agora não.
-Tudo bem, desculpa. –O abraçou. –Ainda vai demorar? Queria tomar banho com você.
-Só mais vinte minutos.
-Eu espero aqui. –O apertou com mais força e Chace sorriu.
-Porquê você não liga pras suas amigas pra avisar que está viva?
-Eu não. –Respondeu e ele estranhou, mas nada disse.
-Ok; vou virar a câmera, mas nada de olhares desrespeitosos.
-Senhora Crawford, é um prazer revê-la. –Steve disse com seu melhor sorriso e Chace revirou os olhos. –Não fique com ciúmes, Crawford.
-Não se preocupe, eu me garanto. –Piscou pra ela que apenas corou. –Onde estávamos?

[...]

-Amor? –Cutucou Chace que estava de olhos fechados.
-Sim? –Suspirou pesado.
-Está com raiva?
-Esses seus cutucões ainda vão me deixar com marcas.
-Desculpa.
-Você não me acordou só pra perguntar isso, certo?
-Eu só queria saber se a gente pode almoçar com a Ashley amanhã.
-Achei que vocês não estavam se falando.
-Eu só me afastei pra cuidar de você.
-Você precisa aprender a conciliar as duas coisas.
-Enfim, podemos almoçar juntos?
-Ela não vai se incomodar com a minha presença?
-Lógico que vai, dã. –V disse rindo.
-Então não. Se quiser ir, vá sozinha, eu fico por aqui mesmo.
-Não vou deixar você só, nem que seja por um segundo. Marco pra semana que vem, então. Até lá você já deve ter melhorado.
-Você que decide. –Disse se sentando.
-O que foi? Se sente mal?
-Só preciso respirar. –Respondeu sem fôlego.
-Quer que eu traga alguma coisa? Um saco pra fazer ventilação?
-Estou bem, é só uma falta de ar passageira. –Falou apertando a mão dela.
-Você nunca teve isso em terra firme.
-Eu sei, também estou confuso, mas não é hora de interrogações.
-Você precisa de um médico.
-Só preciso de tempo. Não se preocupe, já vai passar. –Vanessa prendeu os braços no pescoço dele e esperou. –Preciso dos meus remédios. –Chace disse minutos depois.
-Amor...
-Só me traga água, por favor. –Ela saiu do quarto sem dizer nada e ele pegou a mochila que ficava no pé da cama. Pegou dois comprimidos enquanto ela entrava no quarto novamente.
-Como você sabe qual é qual? –V perguntou insinuando para os medicamentos.
-Pela forma e pelas cores.
-E não confunde? –Ele apenas negou com a cabeça. –Certo. Vamos dormir, o dia será cheio amanhã.
-Programou algo?
-Patrick chega de viagem e eu preciso dar uma passada no escritório dele. –Chace a encarou. –Eu sei que você sabe, mas não se preocupe, só vou pedir desligamento. Não quero alguém me questionando e tentando me fazer mudar de ideia. Ele ganha muito por nada; isso precisa acabar.
-E a gente?
-Continuamos na mesma.
-Então, boa noite, senhora Crawford.
-Boa noite, senhor Crawford.

[...]

-Eu não aguento, Ashley! –Z disse se levantando. –Ela pensa que é quem pra ficar pulando de cama em cama?
-Ela só está confusa.
-Isso não é desculpa. Ela precisa se decidir ou eu mesmo farei isso, e não terá volta.
-Baby, você está alterado demais. Sente e tome mais um drinque, e só depois, você decide o que fazer com a relação de vocês.
-Eu já decidi; não vou mais aguentar ser o amante.
-Vai terminar tudo?
-Não, vou lhe dar uma última chance. Amanhã eu vou conversar com ela nem que para isso eu tenha que passar por cima daquele porteiro.
-E o Chace?
-Não me importo mais se ele sabe ou deixa de saber.
-Respire fundo, baby, e não faça nenhuma besteira. Ele é perigoso.
-Eu não me importo, não sou o único errado nessa história. A esposa dele que é a vadia.
-Zachary, abaixe o tom! Ela é nossa amiga e sua...
-Minha o que? Amante? Meu caso? Minha "mulher misteriosa"?
-Você está falando de cabeça quente. Os jornais mentem, baby, quem dirá sites de fofocas.
-Eles se beijaram, Ashley, por isso não tente tapar o sol com a peneira.
-Mesmo assim. Eles ainda estão casados e é assim que tem que ser.
-Não por muito tempo. É bom ela aproveitar bem essa noite de sono, por que amanhã terá que me enfrentar, querendo ou não.

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Hei hei hei. Como vão? Adorei receber tantos comentários, alguns meio violentos (aquele hahaha). Gente, pra que tanto ódio no coração? Não eram vocês mesmas que estavam com dó da Vanessa quando eu disse que ela ainda ia sofrer muito? Juro que só faltei chorar de tanto que ri do seu comentário, Rafaela! Sim, Vanessa foi fingida no capítulo passado, mas acho que nesse vocês entenderam o que se passava na cabeça dela, sim? Bem, a história da segunda temporada vai pra frente e podem ter certeza que vai voltar tudo pra ela, ou até mesmo antes. Finalzinho meio complicado, hein? O que será que vai acontecer durante essa visitinha do Zac ao apartamento da Vanessa? Me digam o que pensam. Nos vemos no sábado dependendo dos comentários. 
Xx

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Capítulo 44

-Então, o que me diz? –Chace sorriu galanteador.
-Que você está aprontando alguma.
-Ah, Victoria, não seja chata. Será apenas um jantar.
-E porquê eu tenho que trabalhar somente no período da tarde?
-Por que eu também só vou nesse horário e olhe lá. Estou tentando te recompensar. Você não quis tirar férias, e bem, me sinto culpado.
-Eu não tenho pra onde ir, não preciso de férias.
-Você trabalha em dois empregos totalmente diferentes.
-Mas para o mesmo chefe.
-Não é a mesma coisa! Analisar contratos e exames são duas tarefas distintas.
-Que eu posso lidar muito bem. Acredite, não vejo problema em continuar trabalhando em período integral. O meu salário é um bom estímulo, ótimo na verdade.
-Seu salário também serve para poder viajar e descansar sem se preocupar com dívidas, sem contar que eu também lhe pago pelo seu silêncio. Mas claro, seus serviços prestados são ótimos.
-Eu continuo sem entender o porque disso. Meu trabalho é ótimo, eu estou bem, então para que as férias?
-Eu já desisti de tentar fazer você tirar no mínimo duas semanas de férias, mas me deixe te levar pra jantar amanhã. É só um jantar, sem negócios ou remédios; apenas diversão.
-Não vejo necessidade.
-Mas eu sim.
-Posso trabalhar no outro dia pela manhã?
-Eu não vou estar na empresa, então, você também não vai precisar.
-E porquê não?
-Vou dormir; não posso?! Esses seus remédios estão me deixando drogado. Tenho até medo de dirigir a noite, o que me obriga a usar o motorista.
-São para o seu bem.
-Tanto faz. Jantar as 21h?
-Só se fizermos alguns exames antes.
-Eu fiz no início dessa semana!
-E tivemos alguns probleminhas com isso, lembra?
-Sim, eu sei.
-Então, dependendo dos resultados eu deixo você tomar vinho ou não. Se bem que se você está tomando seus remédios, o álcool precisa passar longe do seu organismo.
-Então é um sim?
-Um talvez! Exames?
-Só se você for jantar comigo.
-Só janto se você fizer os exames antes.
-Só faço se você sair comigo depois.
-Só saio se fizermos os exames.
-Eu adoraria continuar esse debate, mas nosso horário de almoço acabou. Vamos. –Chace disse deixando algumas notas em cima da mesa e saiu do restaurante acompanhado de Victoria. –Eu faço os exames, mas com uma condição.
-Qual?
-Desbloqueie minha conta, agora.
-Não.
-Então, eu te demito. –Ele disse destravando seu carro. –Pegue um táxi, não quero minha esposa discutindo comigo porque fui visto no carro com uma desconhecida.
-O senhor está brincando, certo?
-Se a minha conta não estiver desbloqueada em meia hora, não.
-Qual a necessidade disso? O senhor sempre tem dinheiro em mãos, não precisa de cartões.
-Eu já estou cansado de contar notas o tempo inteiro se tenho mais de dez cartões na minha carteira. Não posso nem usar meus cheques. Estou ficando mal falado nos lugares; acham que estou falido, por isso, desbloqueie minha conta ou pegue suas coisas e vá ao setor financeiro pegar o seu cheque e sua carta de recomendação.
-O senhor vai querer viajar!
-E quando eu vou ter tempo, me diz? –Berrou. –Estou com a agenda lotada para as próximas duas semanas, sem contar que vamos jantar. Me diga quando que eu vou ter tempo para sequer, planejar uma viagem? Já desisti dessa ideia, e meus exames foram negativos. Não sou suicida, sei que posso ter problemas.
-O senhor tem certeza disso?
-Eu só quero minha independência de volta, e que se foi desde que você tomou de conta do meu dinheiro.
-Posso liberar apenas dois.
-Cinco, incluindo o da conta conjunta com a Vanessa. Ela pode não mexer no dinheiro, mas deve olhar de vez em quando.
-Vou liberar, mas ficarei de olho. –Victoria avisou se acomodando no banco do carona.
-Você sabia que a Vanessa nunca fez questão de saber quanto eu tinha?
-Que bom.
-Quem dirá controlar meu dinheiro.
-Ela é uma esposa de ouro. –Ironizou.
-Você abusa.
-Só estou fazendo meu serviço.
-Ah, é contadora também?
-Não, isso faz parte do pacote "médica".

[...]

-Está gostando do jantar?
-Sim, é um belo lugar. A comida, a bebida, a música... Está tudo perfeito, muito obrigada. –Victoria sorriu forçada.
-O que tem de errado?
-É bem romântico. –Disse fazendo uma careta.
-Não se preocupe, você não faz o meu tipo. –Chace riu.
-Já trouxe a sua esposa aqui?
-Algumas vezes. Ela adorava a música e a vista.
-É uma bela paisagem.
-Concordo.
-Mesmo assim, a áurea é romântica e todos aqui parecem muito apaixonados.
-Eu só te trouxe aqui pela comida e pelo vinho, é um dos melhores que eu já provei.
-Concordo plenamente, mas não beba mais do que uma taça.
-Estamos com o motorista.
-Eu sei, mas sua saúde está...
-Sem conversas desse tipo, por favor. Eu me lembro do resultado dos exames e estou preocupado com isso, mas já estive pior e melhorei.
-Pensamentos positivos, então.
-É assim que se fala.
-Você disse que eu não faço o seu tipo, mas pelo que vi nas fotos, eu sou bem parecida com a senhora Crawford. –Sorriu.
-A Vanessa tem cabelos negros e olhos chocolates, é extrovertida e não chega nem perto dos meus ombros quando está usando saltos. Você tem cabelos castanhos e olhos cor de mel, é um pouco introvertida e não precisa de muito para ficar quase da minha altura.
-Ah, sim.
-Não ria, mas eu tenho costume de comparar as outras mulheres com ela.
-E porquê?
-Pra mostrar para mim mesmo que ela é a melhor e que eu fiz certo escolhendo ela.
-Que romântico! Ela é muito sortuda, de verdade.
-Eu sei. –Riu.
-O senhor, digo, você está muito alegre hoje.
-Eu me sinto livre. É bom sair para fazer compras e usar meus cartões livremente. Comprei esse terno, a gravata e esses sapatos. Comprei um par de brincos de argola para a Vanessa, mas não sei se devo mandá-los pelo correio ou se compro algum vestido ou colar que combine.
-É melhor comprar alguma outra coisa maior e mandar junto para não correr o risco de ser extraviado.
-Eu pensei nisso. Ah, comprei uma coisa para você também.
-Senhor Crawford, não preciso de nada. Posso comprar o que eu bem entender com o meu salário e ainda sobra.
-Eu sei que sim, mas ainda me incomoda o fato de você não ter tirado férias. Liguei para a agência de viagens, mas não comprei nada ainda, apenas fiz uma reserva. Estou na dúvida de qual lugar. Austrália ou Grécia?
-Senhor...
-Só me diga o lugar. Não é para agora, temos muito trabalho, mocinha. Só no futuro quando a Vanessa estiver comigo, porque aí você vai sossegada.
-A Grécia é um belo lugar...
-Então está combinado. Quando chegar em casa eu vou fazer a reserva, mas mudemos de assunto.
-Tens falado com sua esposa?
-Não. Aconteceu alguma coisa com ela, mas o porteiro não soube me informar e eu não consegui falar com o Efron, mas acho que está tudo mais calmo pelos flagras que vi recentemente. Ela está feliz, trabalhando e promovendo aquela marca, então preferi dar o espaço que ela pediu.
-E quanto tempo isso vai durar?
-Não muito, espero. Quer sobremesa?
-Claro.

[...]

-Eu me diverti bastante hoje a noite, muito obrigada.
-Não há de que. Fico feliz porque assim fico com a consciência mais leve.
-Mas e aqueles empresários que nos viram? Não acha que...
-Eu não me incomodo. Eles conhecem minha relação com a Vanessa e muito em breve nós vamos estar juntos novamente, então, não se preocupe. –Chace sorriu. –Não se esqueça de que amanhã você só precisa ir depois do almoço.
-O senhor também.
-Eu vou dormir bem tarde. Tenho uma passagem para confirmar, sabe? –Victoria riu. –Boa noite, Victoria.
-Boa noite, Chace. Durma bem.
-Você também. –Chace voltou para o carro e ela entrou em casa. O jantar havia corrido bem apesar do resultado dos exames.

Chace estava piorando aos poucos, mas nada que ela não pudesse controlar com algumas doses extras de vitaminas e boas horas de descanso. Ele não poderia viajar em no mínimo seis meses e até deixou de fazer negócio por isso, mas era assim que devia ser. Saúde em primeiro lugar e ele estava tão dedicado que até parecia... Não, ele não teria coragem de enganá-la. Victoria tirou os sapatos e subiu as escadas. Tinha bebido um pouco além da conta, mas por sorte só precisaria trabalhar a partir das 13h.
Chace por outro lado, pegou a estrada do Chandigarh Aiport IXC. O voo estava marcado para 00h30m e ele estava um pouco atrasado. Após ter a malas recolhidas, ele comprou uma passagem de ida para a Grécia no nome de Victoria Dawn Justice para o dia seguinte as 16h e ordenou que ela fosse entregue na empresa juntamente com um bilhete. Depois, desligou o aparelho e embarcou.
A viagem seria um pouco longa e teria apenas uma pequena pausa para abastecer o avião na Itália; como ele não estava disposto a esperar meia hora, preferiu alugar um jato particular para seguir viagem até os Estados Unidos. Sorriu, estaria em casa em menos de 10 horas.

[...]

-Eu não sei, Zac. Ele não fala comigo e estou ficando preocupada. E se o porteiro falou alguma coisa?
-Eu pedi pra ele me procurar, Vanessa, mas ele não me mandou nem uma mensagem sequer. –Suspirou. –É estranho, baby. Ele está quieto demais.
-Eu sei, e isso me preocupa mais do que aquela viagem.
-Não é certeza ainda, amor. Tudo depende do Alex: se ele se comportar, eu nem vou precisar embarcar.
-Mas estamos falando do Alex; é praticamente impossível ele ser comportado. –V o abraçou. –Eu não quero que você vá.
-Eu também não quero ir, mas é a vida. Vamos torcer para que tudo seja resolvido hoje.
-Sim. –Sorriu.
-Meu celular e seu toque de negócios. –Z disse ouvindo o aparelho tocar na sala. –Eu já volto, meninas. Não se mexam. –Deu um beijo rápido em Vanessa e saiu.
-Vocês estão cada dia mais grudados. –Ashley disse.
-Eu sei e isso me assusta as vezes.
-Porquê, menina? Queria eu alguém que babasse assim por mim como o Zac baba por você. –Miley disse.
-Ele não baba, só...
-Saliva. –Riu. –Espero que vocês consigam se resolver logo.
-Eu também.
-O que é isso? –Ashley perguntou sentindo a cama vibrar.
-Se for algum brinquedo sexual...
-É o meu celular, sua anta. –V disse mexendo nas cobertas. –E mesmo se fosse um brinquedo, seria da Ashley e não meu.
-Sei, Vanessinha. –Elas gargalharam, mas V logo ficou seria. –O que foi? Notícia ruim?
-É uma mensagem do Chace. –Respondeu se sentindo fraca.
-E então?
-Ele está na Itália embarcando num jato particular.
-Que chique!
-Não é nada chique. Ele está vindo, meu Deus!
-Vanessa, calma. Tudo vai finalmente se revolver; não é isso que todos nós queremos? –Ashley perguntou abraçando-a.
-Mas o Zac...
-O Zac vai saber ficar na dele. Nós vamos ser a ponte de vocês até o divórcio sair. Mas em primeiro lugar, precisamos limpar o seu apartamento; agora.
-A Julie fez isso hoje de manhã.
-Eu sei, mas existem coisas nossas lá. Com certeza ele vai querer ficar lá e você também deve.
-Mas...
-Mas nada, vocês ainda são marido e mulher. Isso não vai durar muito, não se preocupe.
-E o Zac? –Choramingou. –Não quero me afastar dele.
-Seja sincera: você não sente falta do Chace?
-Ashley!
-Por favor, seja honesta comigo.
-O meu lance com ele acabou; eu sinto um amor muito grande por ele, mas somente isso. O nosso casamento fracassou e eu estou com o Zac agora.
-Certo, mas tome cuidado. Você e o Chace ainda estão casados.
-A Ashley tem razão. –Miley disse. –Se eu fosse você, descobria que horas ele chega e já ia preparando o terreno. Claro que você não pode dar a notícia logo de cara, mas depois de uma refeição você puxa conversa e tal.
-Estou preocupada com o Zac no momento. –V disse cruzando os braços.
-Vai arrumar as suas coisas e pergunte ao Chace que horas ele chega aqui, e enquanto isso, a gente vai falar com o Zac. –Ashley disse se levantando. –Ele vai entender, não se preocupe.
-Assim espero.

[...]

-Então, você tem certeza disso? –Z perguntou assim que Ashley e Miley viraram as costas.
-Sim, eu tenho. –Vanessa suspirou. –Vou sentir sua falta, mas é perigoso e eu não quero que nada de ruim te aconteça. Não vai durar muito, eu prometo.
-Por favor, não faça nada de perigoso. Se ele tentar alguma coisa, fuja, grite, se finja de morta...
-Não se preocupe, amor. –Ela o abraçou forte. –Nada de ruim vai me acontecer.
-Eu vou ficar esperando notícias.
-E eu também. Se a viagem acontecer, me avise e eu vou te deixar no aeroporto ou até mesmo embarco com você. –Eles riram.
-Vá logo, ele já deve está chegando. –A beijou na testa. –Eu te amo, nunca se esqueça disso.
-Eu também te amo e sempre vou amar.

Eles se abraçaram mais uma vez e ela entrou no carro de Ashley. Miley tentou puxar assunto, mas Vanessa estava calada e elas preferiram deixá-la pensando. Quando se aproximaram do LAX, sentiram o sangue gelar. O que Chace falaria para cada uma delas? Como elas reagiriam quando o vissem? Ele tentaria beijar Vanessa? E quando chegassem no apartamento, tentaria algo mais?

-Eu não posso fazer isso. –V disse choramingando.
-Você pode. Estamos com você, não se preocupe. –Ashley disse estacionando o carro.
-Não, por favor. Vamos voltar, ele pega um táxi.
-Vocês são casados, Vanessa, e isso só vai mudar quando vocês conversarem. –Miley disse encarando a amiga. –Uma hora ou outra isso vai acontecer. Vai ser agora, ok?
-Não.
-Já estamos aqui e eu preciso de um café. Dou cinco segundos para as duas saírem ou eu deixo vocês trancadas. –Ashley disse saindo do carro.
-Baby, por favor. –M pediu.
-E se ele...
-Ele vai saber te respeitar, e se não for assim, eu quero a cara dele. –Vanessa sorriu e pegou a bolsa.
-Finalmente! –Ashley exclamou assim que elas desceram do veículo. –Vou comprar café, alguém mais quer? –Ela perguntou assim que entraram no aeroporto.
-Não, obrigada. Não estou com fome.
-Você tem que se cuidar, baby. Está tão pálida.
-Estou naqueles dias e a situação só me deixa mais nervosa ainda.
-Nós vamos para o portão de desembarque, pode ir comprar seu café. –Miley disse abraçando Vanessa de lado e Ashley assentiu se afastando. –Certo, você sabe o que fazer, não é?
-Me fingir de morta?!
-Seja forte. Não demonstre interesse ou medo, fique na sua e seja dura. Ele precisa sofrer um pouco e você pode fazer isso sendo fria e distante; logo ele vai perceber que você está em outra e não vai te perturbar.
-Ok. –V concordou esfregando as mãos.
-Nada de abaixar a cabeça ou fazer as vontades dele. Você em primeiro lugar na sua lista de pessoas importantes e...
-Ah meu Deus, Chace! –V correu e M negou com a cabeça.
-Mas claro, eu falei para as paredes.
-Alguém me ajuda, por favor! –V pediu chorando e Miley olhou ao redor. Chace estava vomitando sangue no meio do aeroporto.
-Ok, isso não deveria acontecer. –Se aproximou nervosa. –Ele está muito pálido, baby; você está muito pálido, Chace. Ele precisa de um médico! –Disse olhando para um empregado que se aproximava juntamente com outras pessoas.
-Não! –Chace disse fraco, mas decidido.
-Que não o que. Você está quase morrendo.
-Tive problemas com o voo e meu sistema não aguentou, só isso. O oxigênio ficou escasso e...
-E você precisa de um médico, fim de papo. –V disse ajudando-o a se levantar. –Procure a Ashley, eu vou levá-lo pro carro.
-Não vou falar com médico nenhum, vim aqui pra decidir a nossa situação.
-Chace...
-Não, Vanessa. Vamos conversar e depois...
-Não! Se você não quer ir ao médico, tudo bem, mas eu vou cuidar de você e se amanhã sua febre não baixar, você vai nem que seja amarrado.
-Nós precisamos conversar.
-E vamos, mas para isso, você tem que continuar vivo.
-Isso já aconteceu antes.
-Depois de horas de voo e não segundos.
-Eu já falei do oxigênio...
-E eu já disse: só converso com vivos. Vamos, vou preparar uma sopa pra você.
-Vanessa...
-Meu amor, pare com a teimosia, que coisa. –Chace apenas confirmou com a cabeça e a abraçou. –Eu só quero que você fique bem, por favor, me obedece.
-Me desculpe.
-Só desculpo depois de te ver deitadinho na nossa cama e descansando. –Ele sorriu e a beijou na testa. –Quer lavar a boca?
-Sim, mas faço isso em casa. –Ela concordou e deram as mãos.
-Ok, vamos logo antes que eu desmaie vendo esse sangue. –Ashley disse surgindo ao lado deles.
-Ahn, olá meninas. Não queria fazê-las passar por isso. –Chace disse envergonhado.
-Estamos aqui pela Vanessa, não se iluda. –Miley disse puxando Ashley. –Ela não pode voltar atrás.
-Ele está doente! –Ashley sussurrou de volta.
-Que morra, então. Ela já sofreu demais.
-Miley, ela também o ama.
-Mas...
-Ele tem todo o direito de lutar por ela e pelo casamento deles. Se ela mudar de ideia, não será da nossa conta. Só podemos apoia-la.

Miley bufou e Ashley respirou fundo. Não queria que Vanessa mudasse de ideia; Zac sofreria tanto, mas se acontecesse, não haveria nada que pudesse ser feito. Ela era maior de idade e os dois sabiam que poderia acontecer.
O casal se acomodou no banco de trás. V fez o marido apoiar a cabeça nas suas pernas e lhe fez cafuné durante todo o caminho.

-Chegamos. –Ashley disse parando em frente ao prédio.
-Obrigada. –V isso enxugando as lágrimas. –Eu ligo pra vocês mais tarde.
-Se precisar é só chamar, já sabe. –M disse a abraçando.

[...]

-Amor? –V cutucou o marido depois de um tempo.
-Sim?
-Olha pra mim. –Chace abriu um olho e depois o outro. –Já passou a dor de cabeça?
-Mais ou menos.
-Seja sincero: você ainda me ama?
-Ainda? –Riu fraco. –Eu sempre vou te amar, Vanessa.
-Então porquê você não me deu nenhum beijo?
-Eu tinha vomitado e depois daqueles remédios, minha boca ficou amargando.
-E meus beijos deixaram de ser doces?
-Não, mas...
-Então me beije.
-Vanessa, eu...
-Pare de me chamar de Vanessa. Sou seu amor ou não?
-Sim, você é.
-Você está distante.
-Só estou te dando o tempo que você pediu. –Chace disse beijando a testa dela. –Não quero te pressionar.
-Você não me deu nenhum carinho desde que chegou. Esse é seu modo de lutar?
-Só estou fazendo o que você me pediu. –Ele repetiu e Vanessa bufou. –Isso não é ciúmes, é? Não está pensando que arranjei outra, certo?
-Você está tão magro e acabado, ninguém vai te querer. –V disse cruzando os braços.
-Claro.
-Não me provoque.
-Eu nem falei nada, amor.
-Eu te amo. –Vanessa disse depois de beijá-lo.
-Eu também te amo. Posso pedir um favor?
-Sim.
-Apague a luz, meus olhos estão ardendo.
-Deve ser a febre. Eu vou deixar o meu abajur ligado para ficar de olho em você e vê se não surgem manchas.
-Tenho uma enfermeira particular, que chique. –Ele riu e ela mordeu-lhe a bochecha. –Ei, canibal!
-Foi um carinho, agora durma. Vou te levar no médico amanhã cedo. –Ele revirou os olhos. –Eu vi isso, seu malcriado.
-Falando nisso, como foi com a minha avó? Ela não quis me contar os detalhes da conversa de vocês.
-Foi bem tenso, mas também foi libertador.
-Posso saber do que se trata?
-Não; agora durma.
-Eu amo você.
-Agora está melhor. –Riu lhe dando um breve beijo. –Também te amo.

A noite foi tranquila para Chace, mas Vanessa acordava a cada meia hora para medir sua temperatura. As 04h da manhã a febre abaixou e ela resolveu dormir. Acordou duas horas depois com um telefone tocando.

-Chace, seu celular. –Ela resmungou. –Chace? –Abriu os olhos e a cama estava vazia. –Amor?
-Estou aqui. –Ele disse entrando no quarto. –Fiquei com sede.
-Você está tão magro. –V disse observando o corpo a sua frente. –Não comeu?
-Mais ou menos.
-O que é que você tem? Você sabe, não é?
-Eu já expliquei: meu voo teve alguns problemas com o oxigênio e tivemos que usar máscaras.
-Porquê você não esperou abastecerem na Itália? Você poderia ter descansado lá e pegado outro voo.
-Eu tinha pressa.
-Porquê?
-Senti sua falta.
-E preferiu se arriscar? É óbvio que você já estava doente quando embarcou.
-Minhas plaquetas estão baixas e meu organismo está debilitado. A Índia está muito fria e acabei pegando uma gripe. –Chace disse tossindo em seguida.
-E não tomou nenhum medicamento para aumentar sua imunidade? Você sabe que gripes mal tratadas podem virar pneumonia.
-Estou me cuidando, não estou? –Ele perguntou pegando nas mãos dela. –Não se preocupe, amor. Podemos conversar agora?
-Não. –Negou com a cabeça sentindo os olhos ficarem marejados. –Me deixa te levar no hospital.
-Não!
-Amor, eu não quero te perder. –O abraçou. –Por favor. O que vai ser de mim sem você?
-Não vai acontecer nada comigo, baby.
-Quem me garante? Eu nunca te vi assim. Por favor. –O beijou fervorosamente.

Tudo estava dando errado. De todas as hipóteses que ela imaginou, a realidade era muito diferente: Chace estava doente e não lutava por ela. Não forçava beijos, abraços ou sequer toques. Ele estava diferente, mas até quando aquilo duraria? E o que mais a intrigava: porquê ele mudou?

–O telefone. –V disse se afastando dele. Fungou e pegou o aparelho que estava na cômoda. –Alô? –Nenhuma resposta. –Alô? –Ela perguntou de novo e ouviu um suspiro pesado. –Quem está falando?
-Senhora Crawford? –Victoria perguntou.
-Sim, quem fala? –O telefone ficou mudo. –Alô? Droga, desligou. –Disse encarando o celular do marido. –Você avisou pra alguém que vinha?
-Não, na verdade, acho que todos estão preocupados.
-Acha?! –Ironizou jogando o celular nele. –Quem é a vadia?
-O que?
-A que te ligou. Quem é a sua amante?
-Eu não tenho amante nenhuma, Vanessa.
-Peguete então?
-Do que você está falando? –Chace disse procurando as chamadas recentes.– Droga.
-Já lembrou?!
-Era a Victoria. Ela deve ter chegado agora na empresa e viu meu bilhete junto com a passagem.
-Do que você está falando?
-Minha agenda está, literalmente, toda lotada, até no horário de almoço pelas próximas duas semanas; o resto do mês está mais tranquilo. Eu não avisei pra ninguém que viria, mas mandei entregar um bilhete junto com uma passagem na sala dela avisando que não precisaria dos serviços dela por um tempo.
-Que passagem?
-Ela não tirou férias e trabalhou duramente comigo nesses meses; me senti na obrigação de lhe dar férias forçadas.
-E por isso ela pode te ligar no telefone pessoal?
-Ela passou de secretaria para assistente pessoal; foi ela quem organizou toda a minha agenda, marcou minhas reuniões, planejou meus investimentos e tudo mais. Com certeza deve estar louca agora sem saber se cancela ou se fica no meu lugar.
-E porquê você não avisou?
-Ela não permitiria minha viagem. Além dos meus compromissos, tem a minha saúde.
-Ah, ela manda em você agora?
-Ela abusa as vezes, mas faz um bom trabalho.
-E o que mais?
-Eu levei ela pra jantar ontem e...
-Sério? Que romântico. Levando a amante num jantar de despedida antes de se encontrar com a esposa.
-Foi um modo de me desculpar e também de enganá-la. Ela bebeu um pouco além da conta e acordou tarde, o que me deu tempo de viajar sem interrupções.
-E você quer que eu acredite nisso?
-Meu anjo, você sabe que eu não seria capaz de trair você. Eu larguei aquilo tudo por você, porque você é o meu tudo e o que realmente importa pra mim. Por favor, não duvide da minha fidelidade como eu também não duvido da sua. –V sentiu seus olhos queimarem e logo soluçou.
-Me promete que você não está mentindo.
-Eu não estou mentindo. –Ele disse procurando os olhos dela. –Eu amo você.
-Eu também te amo. Por favor, me deixa cuidar de você.
-Sem médicos.
-Sua febre já baixou, então, tudo bem. Mas no segundo que aumentar novamente, já sabe.
-Tudo bem. –Ele ergueu as mãos e ela o beijou de novo.
-Se for sua secretária... –V disse se separando ao ouvir o telefone tocar novamente.
-Eu atendo dessa vez. –Chace disse pegando no aparelho. –Crawford.

-VOCÊ SABE QUAIS OS RICOS QUE CORREU? SABE A CONFUSÃO QUE ESSA EMPRESA ESTÁ? A SALA DE REUNIÃO JÁ ESTÁ PREPARADA COM NOSSOS FUTUROS EXPORTADORES E VOCÊ ESTÁ AÍ, COM TODA A CERTEZA QUASE MORRENDO, PORQUE NÃO SABE ME OBEDECER. –Victoria berrou tão alto que todos do andar ouviram. Malditas portas de vidro.
-Acho que estou surdo.
-Não estou brincando, Crawford. Você poderia está morto nesse instante. Me diz: valeu a pena?
-Victoria, estou muito cansado. Porquê você não vai pra casa e...
-NÃO! –Gritou de novo. –Você acha mesmo que eu vou deixar você arruinar essa empresa? Eu trabalho em dois empregos e vou conseguir dar conta disso, mas tenha certeza de que se você não morrer até lá, eu te mato assim que te vê.
-Se você quer assim, que faça, mas vai perder sua viagem.
-Já remarquei, não se preocupe. –Desligou o telefone.

-Ela está aprontando alguma. –Chace resmungou jogando o celular longe.
-Talvez queira divulgar as fotos íntimas de vocês. –V disse de pé.
-Não seja ridícula. O mais íntimo que eu tive e tenho com Victoria são braços dados em algum evento e olhe lá.
-Acho bom. –Disse se aproximando. –Escute bem uma coisa, Crawford: se eu descobrir que você ao menos pensou em beijar quem quer que seja, acabou.
-Te digo o mesmo, senhora Crawford. A propósito, aonde está sua aliança?
-Não sei. –Disse indo até a cozinha nervosa. Com certeza ele a mataria se soubesse de Zac.
-Como assim não sabe? –Ele perguntou a seguindo.
-Já faz um tempo. As meninas se aproveitaram da minha embriaguez e pegaram a aliança e o anel de noivado.
-E você não pediu de volta?
-Elas não devolveram, e mesmo assim, eu não queria nada que me lembrasse você.
-Mas eu já estou aqui e...
-Elas não vão me devolver, do mesmo modo que eu não vou dá a da Ashley. A situação está séria: Miley escondeu os meus anéis e eu peguei o da Ashley e ela pegou alguma coisa importante pra Miley e estamos assim, esperando quem vai ceder primeiro.
-Hm.
-E a sua secretária não vai aproveitar a viagem?
-Ela remarcou.
-E para onde é, posso saber?
-Grécia.
-Você nunca nem mencionou uma viagem para a Grécia, mas presenteia sua amante com...
-Primeiro: ela não é minha amante; segundo: ela que escolheu o lugar.
-Ah, e você pagou de bom grado?
-Eu sugeri Grécia e Austrália, os lugares mais distantes que pude pensar.
-Claro, tem toda a razão. E sua esposa aqui, morando num apartamento minúsculo.
-Você nem aqui não estava.
-Claro que não, queria distância de tudo o que envolvia você.
-Essa sua conversa de amante está me dando dor de cabeça, vou me deitar de novo.
-Quer um comprimido?
-Só quero que você pare com isso. Sabe que eu nunca te traí.
-Convenhamos que é difícil aceitar que seu marido pague viagens luxuosas para uma simples empregada.
-Só queria mantê-la longe, já disse, e ela faz um bom trabalho.
-Não interessa.
-Vanessa, o que deu em você? Nunca te vi com tanto ciúme de quem quer que seja. Nem quando minha mãe tentava me jogar em cima das minhas ex's você não ficava assim. O que aconteceu?
-Não é nada.
-Você está muito desconfiada pro meu gosto.
-Pare de procurar cabelo em ovo, já disse que não é nada.
-Acho bom. –Disse voltando para o quarto e ela suspirou.
Bem que Ashley tinha dito: quando uma pessoa traí, tem medo de ser traída também. Ela estava muito exaltada e se Chace pensasse demais, logo juntaria as peças.
Ela era a errada, não ele. Respirou fundo e começou a preparar um café-da-manhã reforçado. Chace ainda estava abatido, mas também estava desconfiado. Ela precisava mudar isso. Se ele ficasse pior, a culpa seria dela.

[...]

-Amor, você não está nada bem. –Ela disse o ajudando a se limpar. –Me deixa chamar um médico.
-Eu já disse que não, Vanessa!
-E porquê não?
-Porque eu não quero.
-E prefere continuar vomitando?
-Sim.
-Isso é ridículo. É sangue, Chace, e você está soando frio.
-Não me importa. Só preciso de umas vitaminas e...
-Nada disso. Você não vai se automedicar.
-Mas foram os médicos que passaram.
-Os médicos indianos não são muito confiáveis.
-Mas...
-Mas nada. Só vai tomar os remédios que um médico de confiança passar.
-Esse é de confiança.
-Não da minha.
-Você está sendo ridícula.
-Precavida. Não quero ficar viúva. Vamos, você precisa de um banho.
-Eu posso fazer isso sozinho.
-Eu sei, mas vou ajudar. –Ele resmungou algo e ela ignorou. Terminaram o banho e  ela o ajudou a se vestir. –Vai ficar com raiva de mim?
-Vou.
-Mas meu bem...
-Você está me tratando que nem uma criança, e isso, eu não sou.
-Eu só estou cuidando de você. Lembra do que aconteceu da ultima vez que você passou mal? Quase me mata do coração com seu sumiço.
-Eu preciso dos meus medicamentos.
-Não vou dar.
-Você sabe que eu odeio tomar medicamentos, não sabe?
-Sei.
-Então porquê desconfia do meu médico? Se eu quero tomar, você deveria agradecer.
-Não sei se confio nessa história.
-Vanessa, por favor.
-Por favor você. Me chama de Vanessa de novo e eu corto a sua língua.
-E você quer carinho quando me trata assim, como se eu fosse uma criança? Sem contar que sua desconfiança me ofende.
-Isso já passou, esquece. Eu só fiquei com ciúmes, é normal.
-Você assumindo que é ciumenta? –Forçou uma risada. –Essa é boa.
-Você me largou do nada e do mesmo jeito voltou. Foi dizendo que não era o dinheiro e voltou dizendo que nada importa além de mim. Quer que eu fique como? Estou confusa; e do nada você paga uma viagem para sua secretária?! Ela não tem nem seis meses lá.
-Se eu disse que não te traí é porque não aconteceu. Você me conhece, sabe que eu não seria capaz.
-Eu sei, me desculpa. Ah, você é tão confuso. –O abraçou choramingando. –Imaginei tanta coisa e agora tudo é diferente.
-Não chora, você já sofreu demais por mim. Por favor, Vanessa, não fica assim.
-Não me chama de Vanessa, caramba. –Disse se desprendendo do abraço e socando o peitoral do marido. –Você está distante e quer eu não desconfie?
-Eu já disse: não quero te pressionar. Foi você mesma que me pediu esse espaço.
-E desde quando você me obedece?
-Não quero te perder, só isso. Por favor, vamos conversar.
-Não, agora eu que estou zangada.
-Meu amor, me desculpa. Eu pensei que, se por acaso, eu agisse como antes, você se sentiria pressionada e isso eu não quero. Você é livre para fazer o que quiser.
-Ah é?!
-Sim, e você sabe disso.
-Então eu vou chamar um médico agora mesmo.
-Você é livre para fazer coisas para você. –Disse a puxando para seu colo. –É sério, estou bem, não se preocupe comigo.
-Eu te amo tanto. –Confessou espalhando beijos por todo o rosto masculino.
-Eu também, minha Vanessa.
-Só perdôo porque tem o "minha". –Sorriu. –Quer dormir?
-Quero os meus remédios e aí sim eu durmo.
-Argh! –V resmungou indo até a sala e voltando. –Engole esses malditos remédios. –Disse jogando a bolsa em cima dele.
-Me traz um copo com água, por favor?
-Nem deveria. –Disse cruzando os braços e indo até a cozinha. Ouviu ele tossir algumas vezes e se preocupou. Ele precisava urgentemente de um médico. A febre estava voltando e as tosses estavam mais fortes, as vezes até sangrentas. –Só um médico, amor. Consulta rápida pelo telefone.
-Eu já disse o que eu tenho, não preciso de médico.
-O que é que custa consultar uma segunda opinião?
-Vou dormir, não insista nesse assunto, por favor. –Chace pediu deixando a bolsa de lado e se cobrindo.
-Com frio?
-Um pouco.
-Você está com febre. Não se cubra tanto, pode fazer mal.
-Deita comigo. –Ela fechou os olhos e concordou. Não havia ligado pra ninguém para avisar o que estava acontecendo.

Suspirou levantando os lençóis. Zac estava a espera de notícias, ela tinha certeza, mas não ia ligar. Chace precisava dela mais do que ele ou qualquer outra pessoa no mundo. Uma coisa era certa: a situação era grave já que ele insistia para tomar os remédios. Pensou em conferir os medicamentos, mas todos estavam em frascos sem nenhum tipo de informação. "A secretária deve saber de algo, com toda a certeza." Vanessa pensou o abraçando. Chace estava ardendo em febre, mas ela não podia fazer nada além de esperar os remédios fazerem efeito.

[...]

-Amor? –V o cutucou e ele resmungou. –Chace acorda, já está tarde.
-Que horas são?
-Hora do jantar. Vai querer pedir alguma coisa ou quer que eu prepare?
-Gostaria de sair; respirar um pouco de ar fresco.
-Não acho que seja uma boa ideia. Você ainda está febril e pálido.
-Podemos ir em algum restaurante próximo. Por favor, não aguento mais ficar aqui.
-Você só dorme, como que pode ter se cansado?
-Você me entendeu. –Vanessa suspirou. Sair e ser fotografada não estava nos seus planos. –É só minha vontade, mas se você não quer, nós não vamos.
-Não, tudo bem. Escolha o restaurante enquanto eu vou falar com o porteiro. –Disse se levantando.

Conversou com Juanes e o porteiro disse que haviam alguns paparazzi na porta, mas que ele já tinha dito que ela não tinha voltado para o AP e que com toda a certeza, logo iriam embora. Agradeceu e colocou o telefone no gancho. Voltou para o quarto e encontrou o marido rindo para a tela do celular.

–Do que você tanto ri?
-Não é nada.
-Me conte, quero achar graça também. –Pediu deitando ao lado dele e tentou ler a mensagem. –Me deixe ler a mensagem da sua Victoria.
-Ela não é minha Victoria, só uma Victoria comum que trabalha pra mim.
-Então me deixe ler.
-Para quê? Ela só está histérica comigo por ter deixado tudo de uma hora pra outra, somente isso.
-Se é tão simples, então, eu posso vê.
-Você não ia falar com o porteiro?
-Já falei e ele me disse que tem paparazzi na porta, então, nós vamos de carro. E você, já agendou o restaurante?
-Sim, temos uma reserva para as 20h no Cecconi's.
-Ala privativa?
-Estavam lotadas, mas peguei uma mesa afastada das janelas.
-Tudo bem, vou me arrumar então.

[...]

-O peixe estava delicioso. –Vanessa disse sorrindo. –E sua salada?
-Estava muito boa.
-Tem certeza de que é suficiente pra você?
-Sim, amor. Não estou com fome.
-Talvez sejam os remédios que estejam tirando seu apetite.
-Pode ser, mas não vou deixar de tomá-los. –V bufou. –Vanessa, não quero brigar.
-Então não me chame de Vanessa.
-Amor, é sério. –Disse pegando na mão dela. –Estou bem.
-Não está. Nem bebida alcoólica você está tomando.
-Estou numa dieta.
-Você nunca fez isso por doença nenhuma e isso que me preocupa. –O abraçou sem se importar com quem estivesse vendo. –Chace, me diz o que você tem.
-Não tenho nada, amor. –Disse roçando o nariz no dela. –Não se preocupe comigo.
-Eu amo você então é impossível não me preocupar. –O beijou. –Amo demais.
-Também te amo. Quando vamos conversar?
-O que você quer conversar? Sua saúde? Esse é o único assunto que me interessa no momento.
-Se você quer assim, que seja. –Disse se afastando e bebericando seu copo com água.
-Não se afaste de mim.
-Então não me pressione. Eu já disse o que eu tenho.
-E eu não acredito.
-Sinto muito. –Ela bufou. –Podemos ir?
-Não quer sobremesa?
-Só quero me deitar e dormir.
-Então vamos. –Chace pagou a conta e eles saíram do restaurante ouvindo alguns cliques distantes. –Podemos passar no supermercado primeiro? A geladeira está quase vazia. –V avisou já dentro do carro.
-Escolha o lugar.
-Pode ser um Walmart mesmo. –Ele concordou e ligou o GPS. –Amor, não fica zangado comigo. Eu só estou preocupada.
-Eu entendi.
-Então porquê não está falando comigo?
-Primeiro você fica com ciúme exagerado, agora está com essa preocupação também exagerada. O que vem depois?
-O meu ciúme ficou no passado e eu já assumi meu erro, mas minha preocupação tem fundamento. Nunca te vi assim, ainda mais querendo remédios. Você está diferente e não é de agora.
-Eu só estou seguindo os conselhos que recebi.
-Exatamente! Desde quando você ouve os conselhos de alguém? Porquê você está fazendo isso? Quem fez isso com você?
-Vanessa, por favor! –Ele explodiu. –Eu só faço isso por você. Não quero perder você e a minha avó me disse que você estava considerando essa ideia. Eu não posso te prender a mim, mas sei que não fui o melhor dos maridos nesses anos. Eu sei que errei e quero me redimir. Eu quero você comigo, é só isso.
-Combinamos que seríamos nós mesmos no início.
-E eu estou sendo eu mesmo, apenas amadureci um pouco. –Suspirou. Os minutos seguintes foram mergulhados no mais profundo silêncio. 

Chace estacionou numa vaga próxima a porta de entrada da loja. Vanessa respirou fundo e saiu do veículo. Ela pegou um carrinho de compras mediano e foi em direção ao corredor das frutas e verduras.

-Não diga que não foi um bom marido. –Ela disse escolhendo as cenouras. –Você foi sim um ótimo marido, mas eu não soube argumentar nas horas devidas, apenas isso.
-A culpa não foi sua.
-Também não foi sua. –Suspirou e ele a puxou pelos pulsos fazendo ela encará-lo.
-Não foi sua culpa, acredite. Eu que sou o culpado por ter te amado demais. Desde o início, eu sempre deixei meus impulsos falarem mais alto e cometi muitos erros. Me perdoe, me dê uma segunda chance de provar que posso ser um cara melhor.
-Me diga o que você tem. –Pediu e ele a soltou. –Por favor.
-Não tenho nada, é verdade. Só problemas com imunidade, você sabe.
-Tudo bem então. –Ela disse se sentindo observada. Olhou para trás e viu aquele mesmo garotinho que tinha assustado na igreja. Parecia perdido e confuso. Se assustou quando Chace se aproximou dele.
-Oi. Está perdido? –O marido perguntou e o menino acenou confirmando. Estava assustado, mas assim que colocou os olhos nela, sorriu. –Conhece ela?
-Sim. –O menino respondeu e Chace a olhou confuso.
-Eu fui numa igreja uma vez e ele estava lá. –Ela explicou se aproximando. –Na verdade, eu briguei e assustei ele.
-Crianças esquecem facilmente. –Sorriu. –Você se perdeu dos seus pais?
-Eu sou órfão. –Chace olhou para Vanessa novamente. –Eu tô aqui com a tia que foi me visitar.
-Sua tia mesmo?
-Não. –Sorriu e seus olhos verdes brilharam. –Ela e o marido dela foram visitar o orfanato e me trouxeram pra fazer compras e eu me perdi deles. –Chace suspirou e o pegou no colo.
-Porquê você não me ajuda a escolher uns doces enquanto procuramos por eles? –O menino confirmou com a cabeça e Vanessa olhou assustada para o marido. –O que foi?
-E se pensarem que a gente sequestrou ele?
-Não se preocupe, ele já é grande. –A beijou na bochecha. –Com certeza já foi adotado e está passando por um teste de adaptação. –Sussurrou no ouvido dela.
-Eu vou com vocês, só preciso pegar umas frutas. –Disse e Chace concordou. –Ele não é pesado?
-Eu aguento você, quem dirá ele. –Brincou e Vanessa fechou a cara.
-Você pega ela no colo? –O menino perguntou com a boca aberta.
-Sim, de vez em quando. Qual é o seu nome?
-Zac. –Respondeu e Vanessa deixou o saco de batatas cair no chão. –O que aconteceu com ela, tio?
-Ela é atrapalhada assim mesmo. Meu nome é Chace e o dela é Vanessa.
-Vocês são namorados?
-Somos marido e mulher.
-Sério?
-Sim.
-Eu vou pegar temperos para fazer uma canja. –V avisou. –Escolhe o frango, por favor. –Ele concordou e ela se afastou nervosa. Tantos nomes no mundo e o dele tinha que ser esse?
-Ela é bonita, não é? –Chace perguntou quando percebeu que o menino seguia Vanessa com os olhos.
-Aham.
-O que ela te falou na igreja?
-Que não era minha tia e que eu não tinha que falar com estranhos.
-Ela tem razão; pode ser perigoso falar com estranhos.
-Eu só queria água, tio.
-Mesmo assim. E se quisessem te sequestrar?
-Eu não me importaria de morar com vocês. Vocês são bonitos e a tia do orfanato falou que os bonitos são legais.
-Nem todas as pessoas bonitas são legais. –Chace disse andando atrás de Vanessa. –Você tem irmãos?
-Eu não sei. A tia que me trouxe aqui falou que eu ia ganhar uma irmã, mas eu sei que não é assim que se tem irmãos, né tio?
-É verdade.
-Você tem irmãos, tio?
-Tenho uma irmã mais velha muito chata.
-Ela é bonita?
-Sim, por isso que eu disse que nem todas as pessoas bonitas são legais.
-A Vanessa tem irmãos?
-Tem uma irmã mais nova, mas ela não é tão legal comigo.
-Porquê não?
-Ela não gosta de mim.
-Então ela é chata também. –Chace riu e Vanessa o encarou. –Eu tenho que concordar com ele.
-Minha irmã não é chata. –Disse fazendo um bico que ele logo beijou. –Não vale.
-Eu só disse que a sua irmã não é legal comigo, mas ele que disse que ela é chata.
-E você concordou. –Cruzou os braços.
-Deixe de birra. Vamos, o que mais você precisa comprar?
-Estava pensando em comprar material de sopa caso a febre volte.
-Então vamos no corredor dos gelados.
-Pensei em uma sopa de verdade e não pré-cozida. Já comprei os legumes, mas não sei quais os temperos que se usam.
-E eu sei?
-Você sabe sim. Não era você que jogava na minha cara que mesmo sendo burguês viveu não sei quanto tempo sendo independente? –Questionou arqueando a sobrancelha.
-Ok, vamos lá. –Ela riu e o beijou. –Você joga baixo.
-Só trabalho com fatos.
-Porquê não esquece a canja de galinha e faz um frango xadrez? Assim, poderíamos tomar um vinho juntos e jantar a luz de velas.
-Porquê não os dois? –Sorriu. –Acho que você pegou mais do que suficiente para os dois pratos.

Chace escolheu os temperos e Vanessa só observava como ele e o mini Zac conversavam. Ele estava mais do que pronto para ser pai, tinha certeza disso, mas ela não seria a mãe. E tinha o seu Zac que precisava de explicações. Será que ela queria mudar de ideia? Ele tinha mudado para melhor, não podia negar, mas quanto tempo isso duraria?

-Amor, vou escolher o vinho. –Chace disse se aproximando e colocando o menino no chão. –Porquê vocês dois não vão comprar algumas guloseimas enquanto isso?
-Eu não vou me afastar de você. –Ela disse de prontidão. –E se os responsáveis dele aparecem me chamando de ladra de crianças?
-Não podemos levá-lo para perto das bebidas, Vanessa. –A beijou rapidamente. –Fica no corredor ao lado escolhendo sucos, então; prometo que não demoro.
-Certo. –Concordou e Chace tossiu. Os dois foram para o corredor ao lado e Zac segurou na mão dela. –Então, quantos anos você tem?
-Sete.
-Você parece ser mais novo.
-A tia do orfanato disse que eu nasci pretaduro.
-Prematuro. –Corrigiu sorrindo. –E você sabe porquê?
-Minha mãe era nova demais e eu tinha pressa. –Sorriu. –Olha, aquele sorvete do comercial.
-Você gosta?
-Nunca comi. –Confessou. –E a senhora?
-Também não. –Disse olhando o menino. Ele era tão lindo e mesmo sem ter nenhuma certeza da vida, sorria com sinceridade. –Você quer que eu compre pra você?
-Não, tia, digo Vanessa. Não precisa. –Sorriu vermelho.
-Eu não sei se compro pra mim. Chace está com a garganta inflamada e isso pode prejudicar ainda mais. –Disse confusa. –Mas parece tão gostoso.
-Ele dança na TV. –Disse e ela sorriu. –Cadê o tio?
-Foi escolher uma bebida que crianças não podem beber.
-É aquelas que deixam as pessoas tontas, né? –V concordou com a cabeça. –Não faz mal?
-Só se beber em excesso. –V disse sorrindo. Será que todas as crianças eram tão inocentes? –Tem certeza de que não quer o sorvete?
-Tenho, Vanessa. Eu pedi pra tia que me trouxe e ela disse que não, então não posso pedir pra você.
-Quem te ensinou essas coisas? A tia do orfanato?
-Foi.
-Como que é lá? Você gosta?
-Eu não tenho que gostar, mas sim aceitar.
-Te maltratam?
-Não quando estão vendo. –V o olhou confusa. –É só os meninos grandes, mas eu sei que é porque eles tem ciúmes de mim.
-E você não fala pra tia que cuida de você?
-Ela não pode fazer nada se ela não vê e ela nunca vê.
-Você gostou do casal que trouxe você aqui?
-Sim. A tia é legal e o tio é engraçado. –Sorriu.
-Que bom. –Sorriu. –Gostaria que eles te adotassem?
-Eu preferia que vocês me adotassem. –Sorriu vermelho.
-A Vanessa quer ter seus próprios filhos. –Chace disse surgindo atrás dela. –Quem sabe vocês não viram amigos?
-Ela tá grávida? –Zac perguntou com os olhos brilhando.
-Não, eu não. –Disse e Chace a repreendeu com o olhar. –Ainda não. –Sorriu sem graça e ele a beijou. –Vamos? Acho que já temos o necessário para duas semanas.
-Ok. –Chace pegou o menino no colo e se dirigiram ao caixa. –Vou falar com o policial que fica na porta, ele deve saber dos responsáveis dele. –V concordou e eles se afastaram.

[...]

-Ele é um bom garoto. –Chace disse terminando de guardar as compras. –Porquê você o tratou mal?
-Estava irritada com você e descontei nele.
-O que você fazia numa igreja?
-Nem eu sei. –Suspirou. –Dirigi sem rumo e cheguei lá.
-E onde é?
-Numa praça longe daqui, não sei bem. –Mentiu. –E então, já falou com sua secretária?
-De novo essa conversa?
-Desculpe, só quis mudar de assunto. –Disse se aproximando.
-Assunto errado.
-Eu sei, me desculpa. –O abraçou. –Você está com febre de novo. Quer que eu te prepare um banho?
-Só quero dormir. –Chace disse se desprendendo dos braços dela e indo até o quarto.

 Vanessa suspirou. Logo o assunto interrompido pelo menino ia voltar a tona e dessa vez não haveria ninguém para interromper dessa vez. Ela não queria terminar até saber o que ele realmente tinha e o que tinha acontecido para Zac terminar com ela anos antes. Seguiria o conselho de Louise mesmo ela tendo falado além da conta.

 –A propósito, temos uma conversa pendente. –Ele disse assim que ela entrou no quarto. V engoliu em seco. –Podemos conversar agora?
-Eu tinha outros planos. –Vanessa disse sorrindo sedutoramente. –Não quer?
-Só quero conversar.
-Desde que você chegou, eu só fiz a sua vontade. Agora eu quero me divertir um pouquinho. –Disse se despindo. Sua cabeça estava a mil, mas ela não conseguia pensar em distração melhor. –Vamos, amor. Estava com saudades suas.
-Vanessa...
-Por favor. –Pediu espalhando beijos pelo rosto dele o fazendo respirar fundo. Estava funcionando. Chace a jogou na cama. –Selvagem? –Riu.
-Eu quero conversar. –Disse firme enquanto se sentava em cima dela. –A dúvida está me matando.
-Me deixa acabar com ela então. –Pediu tirando a camisa dele. –Amor, você acha que eu faria algo assim se quisesse você longe?
-Não. –Sorriu aparentemente convencido.
-Então aproveite.

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Hei girls, como estão? Safadinha essa Vanessa, hein? Dando pra um e pra outro. :emoji da lua amarela olhando pra esquerda: Chace passou a perna na Victoria, eu ri e vocês? HAHAHAHAH. Zanessa foi bom enquanto durou e agora temos Chanessa novamente, mas não se preocupem, isso não vai ficar assim...por muito tempo. Logo logo nosso Zachary vai tirar satisfações e essa fic vai pegar fogo. :emoji de fogo: Estava pensando aqui: como não quero chegar no capítulo 100 e ainda tem muita água pra rolar nessa fic eu estava pensando em fazer uma segunda temporada, o que me dizem? Como eu vou acelerar as coisas e muitas mudanças vão acontecer, me parece adequado. Claro que vai ser nesse mesmo blogger, mas com outra capa (talvez) e com a marcação da segunda temporada. A fic está chegando na minha parte favorita, yay! Me digam suas opiniões sobre o capítulo. Esse mini Zac (risos eternos) mexeu com o Chace. Bem, comentem.
Xx