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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Capítulo 36 - Rest In Peace, Joan!

-Desculpem o atraso, e de nada, querida. –Ashley disse sorrindo enquanto se sentava.
-Ashley, o que é isso? –V perguntou sem entender.
-Esse é o seu passaporte para a completa felicidade. –Falou radiante com um dossiê de capa roxa nas mãos.
-Como assim?
-Meu presente de aniversário número dois. O melhor de todos. Proteja-o com a sua vida, porque a minha copiadora quebrou, tornando-o único.


-Ashley, o que é isso? –A morena tornou a perguntar recebendo a pasta das mãos da amiga.
-Abra.
-Tudo bem. –Disse abrindo. Levou alguns segundos para entender do que se tratava. –Ashley!
-Eu sei, de nada.
-Do que se trata? –Alex perguntou antes de tomar um gole de água.
-É uma homologação judicial que contém os meu nome e o de Chace, junto com os endereços das nossas propriedades, os nossos bens materiais, data de casamento, dados pessoais... Enfim, é um pedido de divórcio. Eu não acredito que você fez isso. –Disse olhando para Ashley.
-Até parece que não gostou.
-Eu já disse: não quero pensar nisso ainda. –Falou exasperada.
-No fundo, você sabe que vai acabar acontecendo. Só quis adiantar o processo e diminuir o seu trabalho.
-Mas...
-Deixe de ser mal agradecida. –Disse de cara feia. –Passei a noite toda trabalhando nisso e ainda não ouvi nenhum “Muito brigada, Ashley. Você é a melhor amiga do mundo! Facilitou a minha vida.
-Vai ficar sem ouvir, pois não vou dizer nada disso. –Disse abrindo o cardápio.
-Acho melhor a gente dar uma volta. –Alex disse olhando para Zac que apenas concordou com a cabeça antes de acompanhar o amigo.
-Eu não acredito que a Miley abriu a boca. –V disse assim que os meninos se afastaram. –Ela jurou que não contaria nada.
-Ela não contou.
-Ah, não? E como é que você ficou sabendo? Foi na rodinha de macumba por acaso?
-Não comece com as suas ironias. Eu fui procura-lá depois que você voltou pro quarto e abri a porta de leve e ela estava muito concentrada escrevendo naquele diário antigo dela. Não sei se você ouviu, mas parece que a Ziggy comeu alguns diamantes e ela correu pra casa da Tish atrás do número do veterinário e foi quando eu entrei e li no diário dela sobre a conversa de vocês. Sua sem vergonha!
-Isso é invasão de privacidade, você sabia disso?
-Não acredito que você ouviu só essa parte. A. Ziggy. Comeu. Diamantes.
-Ela me mandou mensagem falando sobre isso. O veterinário disse que só resta esperar. E não mude de assunto.
-Ok, eu sei que é invasão de privacidade, mas a questão não é essa. Se você quer tanto ter algo com o Zac, tenha. Não se preocupe com o Chace. Ele sabe muito bem que vocês estão separados e que isso não é somente mais uma crise, e continua lá. Ele se importa, mas não o suficiente para voltar.
-Ele ligou pra você?! –Era mais uma afirmação do que uma pergunta.
-Pra minha casa. Eu não sabia que era ele e atendi. Ele foi educado, como sempre, mas eu não podia deixar barato e perder a bela oportunidade que a vida me deu. Falei poucas e boas.
-E ele?
-Ouviu tudo calado. O que mais ele poderia fazer? Desligar? Seria tolice, por quê o interessado em alguma coisa era ele.
-E aí?
-Bem, depois do meu belo sermão, ele perguntou como você estava e se eu poderia fazer um favor.
-Que favor?
-Pare de me interromper! Eu disse que se fosse pra falar bem de você, que ele esquecesse por quê todos nós sabemos que eu não vou muito com a cara dele e vice-versa. Ele disse que não, que só queria saber onde você estava e eu disse que estávamos todas com a Miley e que provavelmente iríamos passar uma temporada lá; pelo menos você. Dai ele perguntou se eu poderia informá-lo do seu estado de espírito e eu disse que você estava fula com ele. Desci a lenha mesmo. Ele escutou tudo calado novamente e depois perguntou se eu poderia cuidar de você. Achei estranho, mas disse que sim. Faria o serviço melhor do que ele fez. A conversa basicamente foi resumida nisso: Ele perguntava sobre você e eu aproveitava pra colocá-lo no seu devido lugar.
-Cuidar de mim? Por que?
-Não entendi também. O marido estranho é seu!
-Bom, não importa. Voltando ao assunto inicial: Você precisa ficar calada. Ele não quer que ninguém saiba.
-Você já falou com ele?
-Já, e sinceramente, acho que não tenho chance nenhuma.
-O que? Porquê? Ele é totalmente apaixonado por você.
-Mas a integridade dele está acima de tudo, como sempre. Ele não quer ser o “outro”.
-E é por isso que nós temos... –Disse levantando o dossiê.
-Eu não sei se quero fazer isso.
-Ou “isso” ou o Zac. Você escolhe.
-Eu preciso pensar.
-Não sei no que, já que confessou que ainda o ama.
-Não quero falar sobre isso agora. Eles já devem estar voltando. Segredo absoluto.
-Claro. Ah, por favor, não conte para a Miley que eu li o diário dela. Ela pode acabar descobrindo que eu já fiz isso outras vezes.
-É por isso que ela se identifica tanto com algumas músicas suas!
-Exato! Mas shiiiiu!
-Pode deixar. –Minutos depois Zac e Alex estavam de volta.
-Então quer dizer que a Ashley fez um dossiê? Acho que ela está mais interessada no divórcio do que você mesma, Vanessa! –O loiro disse recebendo olhares repreensivos. –O que? É o que parece.
-Podemos mudar de assunto? –Vanessa pediu dando um chute na perna de Ashley por debaixo da mesa.
-Aí!
-O que foi?
-A Vanessa me chutando por debaixo da mesa. –Ashley reclamou. –E não me olhe assim, você me chutou. Maldita hora que te forcei a comprar esse sapato com spikes.
-Se eu soubesse que ele seria tão útil, tinha comprado antes.
-Engraçadinha. Um dia você ainda vai me agradecer, escreve o que estou te dizendo. –Disse fazendo bico.

[...]

-Você vai demorar muito? –V revirou os olhos; a irmã estava mais impaciente do que nunca.
-Não, Tete. Só vou resolver uns assuntos e já passo aí para te buscar, mas não entendo a pressa. Não estava com saudade das suas amigas?
-Sim, mas elas me trocaram pelos namorados delas, que nojo.
-Isso mesmo, que nojo. Os meninos são nojentos, irmãzinha.
-E porquê eu deveria acreditar em você, senhora Crawford?
-Ai, Stella. Precisava me lembrar?
-Claro; quem sabe assim você não agiliza logo esse divórcio.
-Eu preciso desligar, estou dirigindo. Só liguei para avisar que vou demorar um pouco. Até mais. –Desligou sem esperar resposta. Todos estavam muito interessados no fim do casamento dela, mas o que a incomodava de verdade é que eles agiam como se não houvesse sentimento algum envolvido. Ele podia ser o cafajeste que fosse, mas ela o amava, afinal, passou três anos casada com ele. Será que realmente valeria a pena se separar? Ele já tinha feito coisa pior, não?!

Vanessa se sentiu a pior das mulheres ao se lembrar da sua conversa com Stella: “Mas eu te peço uma coisa: não brinque com ele. Só fale com ele se tiver realmente certeza do que quer.” Porquê ninguém via o lado de Chace da história? Ok, ele era o errado, mas também fez tanto por eles. Ela não podia fazer isso com ele. Sabia o quanto ele prezava a família, pelo menos a mãe, e largou tudo para ficar com ela. E não era somente desprezado pelos familiares, mas também por alguns empresários. Todos o viam como um tolo que havia caído no golpe de uma garota aproveitadora e isso o fazia perder grande parte do prestígio que tinha conquistado com muito esforço e dificuldade, já que ele havia rejeitado todos os benefícios que o sobrenome lhe dava.

Porquê tudo tinha que ser tão difícil para ela? Com os olhos cheios de lágrimas, estacionou na primeira vaga que conseguiu avistar e desabou de vez. Pela primeira vez desde o ocorrido, ela chorou. Chorou pelo abandono, pela humilhação sofrida na frente dos amigos, pela incerteza que assombrava os seus pensamentos e também por quê gostava chorar. O choro lhe dava dores de cabeça e isso aliviava as dores que sentia dentro de si, no coração. Não sabia ao certo quanto tempo tinha se passado ou onde estava até levantar a cabeça. O clima estava mais ameno, o que significava que já deviam ser quase quatro horas da tarde. Olhou ao redor e reconheceu o lugar. Era a praça onde ela costumava passear com Zac nos tempos de namoro e também onde viu Chace pela primeira vez. Respirou fundo e saiu do carro. O lugar estava praticamente deserto, há não ser pelas poucas pessoas que saíam de uma pequena capela que havia ali perto. Sorriu. Nunca a tinha notado. Parecia ser a construção mais antiga da rua, mas não deveria ter mais do que cinquenta anos. Perto da porta tinham alguns materiais de construção, o que significava que o lugar deveria estar em reforma.

Vanessa deu algumas passadas e depois de dar uma olhada rápida pela área, resolveu entrar. O lugar não era muito grande, os bancos eram de madeira polida e não havia nenhum sinal de alguma cruz ou alguma imagem. Estranhou, mas deu de ombros. O lugar era aconchegante do mesmo modo. Avistou uma pequena porta ao fundo e resolver explorar. Havia um tipo de biombo e um banquinho há poucos passos e ela resolveu arriscar.

-Bom, eu não sei muito bem como começar isso. Não entro em um confessionário a anos, então... Padre, eu pequei?! Na verdade, não fui eu e sim meu marido que me fez vir aqui, mas eu pequei antes, eu acho. A última vez em que entrei em uma igreja foi há três anos, assim que levei um chute de um ex namorado. Em questão a rezar... bom, eu costumava rezar antes de dormir e assim que acordava, mas como me mudei para a Índia e lá Buda é o “deus supremo” eu preferi me limitar. Até tentei rezar, mas sempre me pegavam e ameaçavam me denunciar, o que seria péssimo para meu marido que estava construindo um império lá. Eu acho que a última vez que eu rezei um terço completo, ou pelo menos tentei, foi há um ano atrás, quando eu sofri um aborto. Estava meio dopada e não consegui terminar o terço, mas o que vale é a intenção, não é? –Incomodada com o silêncio, ela resolveu dar batidinhas no biombo. –Olá?
-Ah, olá. –Uma voz masculina soou e segundos depois um homem moreno e alto apareceu. –Desculpe, eu não queria interromper, por isso fiquei em silêncio.
-O senhor é padre?
-Na verdade, não. Sou pastor.
-Aqui não é uma capela?
-Uma congregação cristã, mas bem, entendo sua confusão. É bem pequena mesmo e antigamente pertencia ao catolicismo, mas eles compraram um terreno maior há algumas quadras daqui. Posso ajudá-la em algo?
-Eu não sei. Eu preciso me confessar, acho.
-Desculpe a pergunta, mas você é católica?
-Minha família, mãe, pai e irmã menor, são. Eu era, mas quando me mudei para a Índia, eu tive que deixar de lado a religião.
-Entendo.
-Acho melhor eu ir embora.
-Sinta-se a vontade, mas algo me diz que você precisa conversar. Não que eu queira me intrometer na sua vida pessoal, só que acho que a senhora não veio aqui atoa. Não se sinta intimidada comigo, mas eu gostaria de ajudá-la. Posso?
-Eu... –Seus olhos logo se encheram de lágrimas. Pela primeira vez em dias, alguém parecia realmente interessado em ajudá-la. –O senhor não tem alguma sala ou algo assim?
-Tenho um gabinete em que converso com alguns irmãos, venha. –Ela o seguiu e eles logo estavam em uma salinha pequenina que ficava do outro lado da capela. –Bem, fique a vontade. Estamos em reforma e aqui está meio bagunçado. Aceita um copo com água ou um chá?
-Estou bem, obrigada.
-Certo. Perdão, mas como se chama mesmo, senhora?
-Vanessa!
-Pois muito bem. Qual é a sua história senhora Vanessa?
-A parte “importante” da minha história aconteceu há três anos atrás mais ou menos. Eu tinha terminado o high school e começado um curso de fotografia. Tinha um namorado muito bonito e educado, minha família o adorava, até hoje é assim. Perto da data do aniversário dele, nós rompemos. Ele rompeu. E eu fiquei um lixo. Eu tinha um “amigo” que estava interessado em mim e que me convidou para ir até Nova York com ele para dar “tempo ao tempo”. Eu fui e bom, ele me tratava tão bem e quando ele me pediu em namoro pela sétima vez, acho, eu disse que sim, mas deixei claro a minha situação. Eu tinha acabado de sair de um relacionamento, tipo, há uma semana apenas. Ele disse que sabia e que queria arriscar. Ele também havia rompido com uma garota a poucas semanas e de acordo com ele, foi por minha causa.
“Bem, nós começamos a namorar, mas parecia um namoro de crianças. Sem beijos e nem nada. Mal nos tocávamos. Eu estava arrasada e não aguentava ficar muito tempo acordada. Tudo me lembrava o meu ex e eu tomava diversos calmantes e analgésicos, tudo para evitar a realidade dolorosa.
“Nós estávamos na cidade há duas semanas e fomos jantar na casa da família dele. Era um “jantar de gala de família” e estava muito chato. Eu não me lembro muito bem como, eu estava dopada, mas ele conseguiu uma “brechinha” no discurso do pai dele e me pediu em casamento. Eu fiquei chocada, afinal, estávamos com um namorico besta de apenas uma semana. Eu não queria envergonha-lo e aceitei. Voltamos para o apartamento dele e eu recebi uma ligação de uma ex amiga me falando que tinha visto meu ex com uma outra mulher, que mais tarde descobri que era a futura/atual chefe dele e minha também. Meu, na época, noivo me tratou tão bem e me deixou chorar no ombro dele e pensei que talvez eu devesse tentar, sabe? Ele era tão bom comigo e eu não tinha feito nada para agradecê-lo. Demos o nosso primeiro beijo verdadeiro naquela noite.
“Na manhã seguinte eu estava muito confusa e envergonhada. Achei que o pedido de noivado fora apenas uma maneira de irritar o pai dele e agi indiferente, como sempre. Mas não era e na segunda-feira, ele me perguntou sobre os detalhes do matrimonio. Eu fiquei chocada e disse que deixaria tudo com ele, afinal, não tinha ideia de como organizar um casamento e nem queria falar com a minha mãe sobre isso. Era loucura, até eu sabia. Ele me fez umas perguntas básicas sobre os lugares que eu gostaria de visitar, minha cultura preferia e etc. Depois de alguns dias, uma consultora de moda apareceu na porta do apartamento para tirar as minhas medidas. Eu estranhei, mas preferi não comentar. Resumindo: duas semanas depois do pedido de noivado eu estava na Índia me casando com um cara que eu mal conhecia.
“Durante esses três anos de casamento tivemos inúmeras brigas e três delas me renderam uma semana no hospital. Eu sofri três abortos espontâneos e para piorar, só acontecia quando eu estava planejando me divorciar.
“Uma tia minha ficou muito doente e isso me obrigou a voltar para L.A. Com a empresa, ele –meu marido– teve que ficar lá. No final de novembro ele aterrizou em solo americano, mas por culpa de negócios ele me deixou sozinha no dia do meu aniversário. Eu decidi que não quero mais isso, não aguento mais sofrer. Eu quero me divorciar, mas algo me diz que é errado e eu não entendo isso.

-Você continua tendo contado com o seu ex? –O pastor perguntou.
-Sim, nós somos amigos.
-Somente amigos? O modo que você falou dele me fez pensar outra coisa.
-Nós somos somente amigos, ainda. Eu quero tentar de novo com ele e é por isso que eu não entendo porquê meu cérebro me faz pensar que é errado. Eu sofri demais e quero recomeçar a minha vida. O que tem de errado nisso?
-Bom, querendo ou não, você conhece a Bíblia e o que ela nos diz a respeito do casamento. Até que a morte nos separe. Mesmo tendo se casado em outra cultura, você ainda guarda isso com você. Seu marido não te trai, o que te daria um motivo para se separar de acordo com a Palavra, mas você abortou e de acordo com Êxodo, se não me engano, isso seria motivo para o divórcio sem se preocupar com a Justiça divina.
-Eu sei, mas... eu não quero me separar. Quer dizer, eu quero, mas não quero. Ele abriu mão de tantas coisas por mim. A família dele, por exemplo.
-Entendo. Você se sente culpada por abrir mão tão “facilmente” desse casamento, mesmo que não seja tão fácil assim.
-O que eu faço, pastor? Preciso de uma luz divina, não sei. Não posso ficar assim.
-Eu não posso te dizer o que fazer, não é certo. Eu não conheço nem o seu marido e nem o seu ex para poder dizer algo. Cada um tem que levar a sua cruz. O que eu posso fazer é te ajudar em oração. Pedir para Deus te iluminar e te ajudar a achar a resposta certa.
-E você me liga quando conseguir?
-Não é assim que funciona, senhora. –Ele sorriu. –Ele mesmo pode te mostrar. É só você pedir.
-E como eu faço isso?
-Ore. Iniciamos uma campanha de oração aqui, todas as manhãs. Você pode fazer parte também. Deus não dá nada de mão beijada, ele exige sacrifício e eu sei que isso que está acontecendo na sua vida não é em vão. Talvez ele queira fazer algo através de você e para isso, precisou agir dessa forma. Tente se aproximar dEle novamente. Não vai se arrepender. Não estou te pedindo para largar tudo. Venha duas vezes por semana, ou três. É só chegar, se ajoelhar e orar. Depois levanta e vai embora. Não precisa se identificar e nem nada, só fale com Ele. Ou pode ser na sua casa mesmo. O importante é você conversar com Deus para obter resposta.
-Eu vou pensar. Não posso dar uma resposta assim tão rapidamente.
-Tudo bem, o importante é você se sentir a vontade. Não podemos forçá-la a nada.
-Eu sei. Bom, preciso ir. Tenho que ir buscar a minha irmã e já perdi a hora. Obrigada por me receber. Eu nem sei como agradecer.
-Eu não fiz nada. Boa tarde.
-Boa tarde e até.

[...]

-Aonde você estava? Quer me matar do coração, Vanessa? Eu achei que tinha acontecido um acidente.
-Sem dramas, Stella. Já estou aqui, não estou?
-Mas não estava.
-Agora estou. Vamos?
-Vamos. –Vanessa pisou no acelerador e deixou a mente vagar. Não iria contar a ninguém o que tinha acontecido naquela tarde. Precisava pensar no que fazer sozinha, afinal, todos estavam julgando-a por não dar logo entrada no processo. Ninguém, a não ser o pastor daquela igrejinha –e não capela como tinha imaginado– ,tinha perguntado o que ela queria fazer. Somente davam sugestões, outros ordens, mas nenhum parou para perguntar como ela se sentia em relação a isso. Suspirou. –Estou com fome. –Stella resmungou.
-Comida chinesa?
-Por favor. –E continuou a mexer no celular. Ela estava zangada, mas V preferiu perguntar depois.

[...]

-E aonde ela estava? –V escutou a voz de Ashley ao longe, mas achou que talvez estivesse sonhando e se aconchegou mais a cama.
-Ela não falou. Disse que ia resolver uns negócios, e passou a tarde toda sem manter contato. –Stella respondeu.
-E você não perguntou? –Dessa vez a voz era de Miley.
-E você acha que ela ia contar?
-Você podia tentar.
-Será que ela foi se encontrar com o Zac? –A voz era de Alex e ela se levantou em um pulo. Quantas pessoas já deveriam saber? Porquê diabos ninguém conseguia guardar um segredo? Foi pisando firme até a sala.
-Argh! –Grunhiu cruzando os braços. –Podem me explicar?
-O quê? –Alex questionou.
-Você tá bem? –Stella perguntou.
-Quer largar esse dossiê, Ashley? Eu não vou usá-lo. –Vanessa disse.


-Como não? Mas você e o...
-Eu juro que se qualquer um de vocês falar nem que seja uma só palavrinha relacionada a divórcio ou a Chace ou ao Zac, eu atiro isso pela janela. –Apontou para o arquivo.
-Desculpe. –Ouviu em coro.
-Obrigada. Agora me expliquem por que vocês estão aqui.
-Viemos fazer uma visita, ué. A Stella estava muito sozinha, dorminhoca. –Miley disse indo até a cozinha.
-Eu não durmo a duas noites, sabia?
-Tanto faz. –Disse antes de atender ao telefone que era ligado há portaria. –Alô?
-Miley!
-Com licença, estou no telefone.


Pois não?Ah, sim. Pode mandar subir...Obrigada! –E colocou o telefone no gancho. –Agora sim podemos conversar.
-Estamos na minha casa.
-Grande coisa.
-Quem você mandou subir? –V perguntou revirando os olhos. Não adiantaria nada discutir com Miley.
-Zac. Junto com a Nina.
-Vão fazer uma festinha agora, é isso?
-Não, Vanessa. Somente queremos conversar com você.
-Eu não preciso conversar com ninguém.
-Você está muito estressada, baby. Precisa desabafar e nada melhor do que os seus amigos para te apoiarem nesse momento difícil.
-Eu não preciso desabafar, muito menos com vocês que só querem exigir coisas. Vocês querem que eu me divorcie, mas não me perguntam se EU quero fazer isso. No momento eu NÃO quero. Sim, eu sei que ele errou, mas isso não pode ser tratado como um simples relacionamento. Estamos falando de um casamento! O que vocês sabem sobre casamentos? Não sabem de nada, por isso, não queiram me forçar a me divorciar, por quê não vai acontecer.
-E porquê não?
-Por quê eu o AMO. Apesar de tudo eu amo o meu marido e preciso pensar muito antes de tomar qualquer decisão. Não posso deixar de pensar nele por quem quer que seja, entenderam?
-Mas e o Zac...
-Isso é outro assunto que eu não quero falar com vocês. Era para ser um segredo, só meu e dele, mas alguém não está calando a boca aqui. Qual é o problema com a língua de vocês?
-Não venha nos culpar. –Ashley se defendeu. –O Alex já sabia.
-E não fui eu. –Miley se defendeu.
-Então quem foi?
-Eu. –Zac disse encostado na porta.
-O quê? Porquê? Como? Você mesmo disse que queria descrição.
-Ele é meu melhor amigo.
-Mas...
-Acho melhor deixarmos eles a sós. –Stella disse empurrando todos para o quarto de Vanessa.
-Você disse que queria descrição e agora isso... eu não entendo. –Ela confessou.
-Eu queria descrição, mas o Alex praticamente me obrigou a falar. De acordo com ele eu estava meio “aéreo” e isso normalmente não acontece no trabalho.
-E você falou tudo sem pensar duas vezes?
-Eu não tive escolha; ele é meu melhor amigo. E não me venha com isso, por quê as meninas também sabiam.
-Eu só contei pra Miley que estava PENSANDO em falar com você, e isso foi ANTES da nossa conversa. E claro, contei pra Stella que é minha irmã.
-A Stella eu até entendo, mas a Miley?
-E o Alex? Se colocarmos os dois numa balança, da no mesmo.
-E como a Ashley sabia?
-Longa história, mas você sabe que quando ela quer saber de algo vai até o inferno pra descobrir.
-Não é por nada não, mas eu acho que essa discussão não vai levar a nada. –Stella disse saindo do quarto. –Só vim buscar chocolate e água, me ignorem.
-Ela tem razão. Você pensou? –V perguntou assim que a irmã se trancou novamente.
-E isso importa? Pelo que eu ouvi, você ainda o ama e, palavras suas, “não posso deixar de pensar nele por quem quer que seja”.
-Não estava me referindo a você e sim a elas que praticamente queriam apagar da minha memória todos esses anos que passei com ele.
-Se isso te incomoda tanto, volte com ele.
-Eu realmente não quero conversar sobre isso com eles escutando, mas eu já te falei o que quero.
-Mas o que você disse a pouco...
-Eu só queria que elas me deixassem em paz. Se eu realmente pensasse daquele modo, já teria jogado esse dossiê fora e estaria dentro de um avião a caminho da Índia.
-Então...
-Eu não mudei de ideia. Na verdade, eu estou mais decidida do que antes. Só preciso do seu sim.
-Vamos fazer o seguinte: –Ashley disse saindo do quarto, fazendo os dois bufarem. –Podemos ir para a casa de campo dos meus avós e passar um fim de semana lá e depois vocês decidem o que fazer. Nada melhor do que um tempo a sós bem longe dessa loucura de L.A.
-O que você acha? –V perguntou.
-Por mim tudo bem. –Z se deu por vencido. Por mais que não quisesse admitir, eles precisavam disso.
-Texas, aí vamos nós.
-Espera, TEXAS? –V perguntou chorosa. –Não pode ser em outro lugar?
-Qual o problema com Texas?
-O Chace é do Texas. –Stella disse revirando os olhos. –Alguém mais tem alguma outra ideia?
-Tennessee?! –Miley perguntou.
-Não, sua família não precisa de mais um relacionamento em crise para se preocupar.
-Que tal Florida? Existe uma aldeia chamada Islamorada que tem um pouco mais de 18 km². O lugar é lindo. Um verdadeiro oásis paradisíaco e super calmo. Tudo o que precisamos. –Ashley disse.
-Eu já ouvi falar. –Alex disse. –É bastante calmo. Ótimo para tomar decisões desse porte.
-Eu faço as reservas. –Miley disse levantando a mão.
-E eu as malas. –Stella disse sorrindo. –Já estou me imaginando pegando sol em uma praia deserta.
-O que você acha? –Foi a vez de Z perguntar.
-Por mim tudo bem.
-E quando seria?
-Nesse final de semana?!
-Acho que posso adiantar algumas coisas na empresa.
-E eu tento adiar a minha entrevista para a Nylon Magazine. Onde será o ponto de encontro?
-Minha casa. –Alex disse. –É a casa mais centralizada de todos.
-E a hora?
-Primeira classe, amanhã, 17, para Islamorada, Florida, as vinte horas. Ainda tem dez lugares. –Miley disse olhando a tela do celular. –Posso agendar?
-Sim, por favor. –Vanessa disse. –Então nos encontramos na casa do Alex as sete?
-Perfeito. –Stella disse. –Vou arrumar as malas. –E foi saltitando até o quarto.
-E a estadia?
-Depende da quantidade de quartos. –Miley respondeu. –Formem pares.
-A Stella fica comigo, claro. –V disse, mas Ashley logo a encarou. –O quê?
-Quando vocês mudarem de ideia, nada de mandarem ela para o meu quarto.
-Vou fingir que nem ouvi isso. –Vanessa disse revirando os olhos. –Um para mim e a Stella, outro para o Alex e o Zac... Ou vocês preferem quartos separados?
-Quartos separados. –Z disse.
-Certo. Um para mim e a Selena, Ashley e Demi, Nina e Ian.
-Já vão começar.


-Ah, Nina, por favor. Nós já sabemos que vocês estão namorando. –Miley disse. –A Monique não vai querer ir; ou vai?
-Ela vai passar um tempo na casa do cara que ela está namorando, ficando, não sei bem. –Ashley explicou. –Será somente nós mesmo.
-Então será seis quartos. Luxuoso... “Cheeca Lodge & Spa”, gostei. Hotel três estrelas, hm. Adorei a vista. Que tal?
-Pode ser. Acho que é somente isso mesmo.
-Aham. O Hotel tem seus próprios guias turísticos, o que é ótimo.
-Então pronto. Nos vemos amanhã as sete.

[...]

-Será que eu fiz certo?
-Ah, Vanessa, por favor. Não seja medrosa. –Stella resmungou. –O lugar é lindo e nem são tantas horas de voo.
-Eu não me referia a isso.
-Por favor, não me diga que você está pensando no...
-Estou.
-Vanessa!
-Eu não posso evitar. Ele me mandou algumas mensagens e eu nem respondi. E se ele estiver preocupado?
-Vanessa, você quer voltar atrás por acaso? Aproveite enquanto ainda é tempo. No momento que chegarmos na casa do Alex, o Chace será um passado para você, por quê nós sabemos que ele vai dizer “sim”.
-E se não disser, Stella?
-Você acha mesmo que ele ia fazer essa viagem por nada?
-Mas...
-Mas nada. Se você não quer arriscar, dê meia volta e eu ligo avisando que você desistiu.
-Não, nós vamos fazer essa viagem. Seja o que Deus quiser.
-Falando nisso, onde você foi de manhã?
-Resolver uns assuntos.
-De novo?
-O quê? Eu trabalho.
-Eu sei, mas você não apareceu na Destiny Hope hoje, a Ashley me disse.
-Eu precisava adiantar a minha entrevista para a revista e fiz hoje de manhã, em um café.
-Sei.
-Por favor, Tete. Aonde mais eu iria?
-Não sei, aonde você foi ontem?
-Resolver uns assuntos.
-Que assuntos?
-De trabalho. O ano está acabando e eu resolvi rever o meu contrato com a Destiny e o do John. –Mentiu.
-Acredito.
-Chegamos. Sorria e por favor, NÃO diga nem um pio sobre essa nossa conversa. As meninas são legais, eu sei, mas não é por isso que você tem que contar tudo a elas. Elas não gostam do Chace e me matariam se soubessem desse meu conflito interno.
-Então pare de pensar nele.
-Não é tão fácil. Você nunca se apaixonou, não sabe como é.
-Graças a Deus que não. Você está horrível.
-Nossa, muito obrigada. Tudo o que eu precisava ouvir. –Disse tocando a campainha.
-Olá garotas. –Alex disse assim que abriu a porta.
-Já está bebendo? –V tirou o copo de Whisky da mão dele.
-Estou apenas me aquecendo.
-Se aquecendo, sei.
-Não comece. Preciso mais disso do que você.
-Converse com ela.
-Não se meta nisso, baby. Você não sabe como é.
-Vai por mim, eu sei sim. –Disse avistando o restante dos amigos. –Desculpem o atraso, a Stella estava se preparando para a turnê dela. –V falou fazendo os amigos rirem e a irmã lhe dar língua.
-Vamos? Estávamos só esperando por vocês. –Miley disse. –Ah, Selena cancelou dizendo que ia passar uma temporada com a família, vulgo boy, mas eu preferi não dizer nada. O Cheyne vai no lugar dela.
-Por quê férias sem o amigo gay da Miley não são férias. –Alex disse sorrindo.
-Fazer o que se sou mais animado que a maioria dos héteros? –Cheyne disse levantando. –Vou dormir com o Alex, falei primeiro. –Brincou fazendo todos, menos Miley, caírem na gargalhada.
-E eu vou dormir sozinha? Nem pensar. –Miley disse.
-Ele precisa que alguém o esquente, baby.
-Ele que se dane, eu também preciso.
-Depois vocês tiram impa-par, agora vamos que já estou morrendo de sono. –Ashley disse. Meia hora depois eles já estavam entrando no LAX. –Ai meu Deus, agora vem a pior parte: check-in.
-Eu já adiantei tudo, então vamos logo para o portão de embarque. –Miley disse. Depois de passarem pela segurança, os dez se encaminharam ao portão de embarque. –Sabe o que é engraçado? É como se eu estivesse tirando férias antes de trabalhar.
-Só você, querida.
-Até poucos dias você estava em Miami; não tem direito de reclamar nada.
-Meninas, por favor. –V pediu enfiando o rosto no peitoral de Alex.
-Vanessa! –Demi exclamou.
-O quê?
-Como assim “o quê?
-Me poupem. –Vanessa pediu revirando os olhos. –Ainda não temos nada, então parem com isso. –Sussurrou para que ninguém que estava próximo além dos amigos escutasse.
-Ainda não, mas isso não significa que você pode ficar se esfregando nos amigos dele.
-Eu só estou me apoiando. Não sei porquê, mas aeroportos me deixam sonolenta independente do horário.
-O mesmo acontece comigo, mas isso não é desculpa. Se quer se apoiar, faça-o no seu futuro. –Ashley sugeriu.
-Meu futuro? Por Deus, Ashley, Você está fazendo papel de boba! –A morena exclamou se afastando do amigo. –Vocês estão me sufocando, sério. Parem com isso ou eu dou meia volta e vocês nunca mais vão ouvir nada sobre mim.
-Desculpe! –Ouviu em coro novamente.
-Certo. –Minutos depois os amigos já estavam dentro do avião. Para evitar novos aborrecimentos, V fechou os olhos e cochilou. Acordou com Demi e Miley discutindo para saber quem iria ficar ao lado de Cheyne. “É, a viagem vai ser longa.” –Pensou se acomodando melhor no assento.

A viagem correu bem. O único problema que tiveram foi com o tempo. Chovia forte quando chegaram aoTavernaero Park Aiporte isso prejudicou um pouco o voo, mas nada grave. Os passageiros correram até o portão de desembarque e meia hora depois puderam recolher a bagagem. Por sorte a limousine alugada por Miley já estava esperando-os. Em poucos minutos eles estavam no saguão do“Cheeca Lodge & Spa”.

-Finalmente nós chegamos, uhu!


-Acho que alguém abusou das bebidas alcoólicas no avião. –Miley disse sorrindo. –E não fui eu.
-Eu não estou bêbada, só... alegrinha. –Ashley disse antes de gargalhar.
-Ok, vamos levá-la logo para o quarto antes que saia alguma idiotice da boca dela. –V disse dividindo os cartões dos quartos entre os amigos. Depois de se despedirem no corredor –os quartos ficavam no mesmo andar–, cada um foi para o seu quarto. Depois do banho, Vanessa notou que a irmã dormia e não era para menos, o relógio que estava na cabeceira da cama marcava quase uma da manhã. Assim que se sentou, lembrou-se da conversa com o pastor de dias atrás. Não se lembrava de ter perguntado o nome dele, mas lembrava-se de cada palavra. Olhou para todos os lados do quarto e lentamente se ajoelhou. Iniciou uma conversa lenta e silenciosa com Deus. Não se lembrava de como rezar, então decidiu pular o protocolo da Igreja Católica de rezar antes de orar. Falou sobre seus medos e aflições e pediu que a luz divina iluminasse seu caminho. Agradeceu meio desajeitada e se levantou. Suas pálpebras já estavam pesando e sentia-se dormente de tanto cansaço. Logo o dia iria raiar e ela precisava traçar um plano para conquistá-lo. “Bem, talvez depois.” pensou se acomodando na cama adormecendo em seguida.

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Well girs, não vou ser monótona como sempre e iniciar pedindo desculpas pela minha demora. Aconteceram algumas coisas e bem, não deu para postar antes. Passei alguns dias escrevendo esse capítulo, mudando umas partes, acrescentando outras... Está aí o resultado final. Não tive tempo de corrigir, mas acredito que não esteja tão ruim. Espero que gostem. Queria também pedir um favor a vocês: #prayformelissa. Algumas devem saber –nem que seja por cima– que a atriz, comediante, apresentadora de tv e escritora Joan Rivers faleceu ontem (04/09). Eu acompanhava o trabalho dela há uns dois, três anos e bem, isso me abalou muito. O E! fez/está fazendo homenagens há ela com programações que a envolvem e eu choro sempre que me concentro demais no que passa. Vocês não fazem ideia de como estou, mas bem, só quero pedir há vocês que orem, rezem e mandem pensamentos otimistas para sua única filha Melissa e seu neto Cooper, que tem apenas dez anos. Sei que ela está em um lugar melhor agora, afinal, apesar das “críticas” ela era uma ótima pessoa e tinha um imenso coração. Sua luz jamais deixará de brilhar. Bem, é isso.
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